sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Psicanálise/Psicoterapia



Em 1923, no seu trabalho Dois artigos de enciclopédia: psicanálise e teoria da libido, Freud define a psicanálise como um procedimento de investigação dos processos mentais um método de tratamento e uma disciplina científica [...] mais  tarde ele complementa sua definição afirmando que “uma é união entre curar e investigar” (ZIMERMAN).
      Freud disse muitas vezes que a psicanálise é uma teoria da personalidade, um método de psicoterapia e um instrumento de investigação científica, querendo assinalar que, por uma condição especial, intrínseca dessa disciplina, o método de investigação coincide com o procedimento curativo, porque a medida que alguém conhece a si mesmo, pode modificar a sua personalidade, isto é, curar-se [...] o grande achado de Freud consiste em que descobrindo traumas, recordações ou conflitos, os sintomas da doença modificam-se e a personalidade enrique-se, amplia-se e reorganiza-se (ETCHEGOYEN).
      Psicoterapia é um termo empregado para qualquer tratamento  psicoterápico, aos quais Freud não fazia distinção [...] posteriormente Freud sentiu-se no dever de discriminar a psicanálise como ciência. (ZIMERMAN)
A necessidade de atender pacientes mais graves, na psiquiatria nos Estados Unidos, levou os psicanalistas americanos, a desenvolverem modificações nas intervenções psicanalíticas que fossem mais adequadas às exigências clínicas desses pacientes, resultando na psicoterapia psicanalítica, cujo principal pioneiro foi Robert Knight e depois Austem Riggs. (EIZIRIK)
A psicoterapia analítica vem gradativamente adquirindo uma alta respeitabilidade como uma modalidade terapêutica capaz de propiciar resultados verdadeiramente psicanalíticos. Cabe salientar que uma psicoterapia de apoio pode assumir formas distintas, desde, conforto, palavras amáveis, consolo ou algo depreciativo. Uma boa psicoterapia de apoio de base analítica requer bom preparo do terapeuta, este tem a difícil missão de discriminar e localizar a, muitas vezes oculta, parte sadia e forte do paciente e reforçá-la de modo a propiciar-lhe condições de enfrentar seu lado frágil e doente, sem necessariamente ter de aprofundar na dinâmica dos conflitos inconscientes.  (ZIMERMAN) 

Segundo Knight (1945) a psicoterapia de apoio pode ser indicada quando

[...] a  avaliação clínica do paciente levar à conclusão de que ele é muito frágil psicologicamente para ser mais profundamente abordado, ou muito inflexível ou incapaz de uma alteração real da personalidade, ou muito defensivo para ser capaz de alcançar o insight [...] a decisão de usar medidas supressivas é, na verdade, tomada devido a contra indicações ao uso de intervenções exploratórias.

        Santos (2003), em seu artigo Processo Analítico: A Conceituação Em Um Grupo de Psicanalistas, esclarece a questão da analisabilidade do paciente da interessante perspectiva de Balint (1982)  descrita por Etchegoyen:


ETCHEGOYEN (2003) descreve o ponto de vista de Balint (1982), que introduz a noção da falta básica. Dividindo os indivíduos em duas categorias quanto ao desenvolvimento emocional (os que alcançaram o nível edípico genital e os que não o alcançaram), Balint diz que no primeiro grupo, analista e paciente dispõem da mesma  linguagem para a interpretação, a maturidade do paciente atingiu o nível triangular, há, portanto, conflito. No segundo, opera a falta básica, a relação é dual e a linguagem adulta é inútil, pois aqui o que é operante é a relação de objeto. Aqui, o analista deve responder ao analisado não com interpretações, que são inúteis, mas se oferecendo como objeto para ser catexizado, estar ali sem interferir, pois ali não há conflito. (SANTOS, 2003)