O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
Desde os primórdios até a contemporaneidade,
culturalmente, os homens, praticaram, quatro tipos de saúde, cada qual na sua
época. (LIMA,2008).
Segundo o mesmo autor a primeira fase ficou
conhecida como a fase da magia ou demonologia, os fatores determinantes da
doença eram atribuídos a deuses e demônios. Se o doente fosse cristão, era
considerado uma forma de expiação dos pecados, se fosse de outra orientação
religiosa, então, era considerado possessão demoníaca.
A segunda, fase dos "miasmas", era
determinada eram por fatores físicos-químicos, acreditava-se que emanações do
solo, gases supostamente nocivos, como chorume do lixo produziam doenças em
corpos sadios. (LIMA, 2008).
A terceira fase, a da biologia ou
microbiologia, com a descoberta do
miscroscópio e das bactérias, determinava que os germes eram produtores de
todas as patologias. (SOUZA et al, 1997, apud,
LIMA, 2008)
No século XIX com avanço da microbiologia,
definiram-se as causas para as doenças, desde então, o aspecto biológico tem
recebido destaque. Sob a influência do positivismo, um “corpo saudável” representava ⎯ e ainda pode representar ⎯ ausência de qualquer afecção. (SILVA, 2006).
Essas três primeiras, segundo Lima (2008) fases têm um ponto em comum,
a abordagem unicausal, que relaciona o agravo à saúde a um único agente
etiológico. Uma visão simplificada, onde o homem não é visto como ser complexo,
dotado de necessidades, desejos e vontades.[...]
[...] a quarta fase muda
a abordagem da doença, relacionando-a a uma
causalidade múltipla e incorporando os aspetos
sociais ou psicossociais no
processo de
adoecer. (LIMA, 2008)
Segundo Forattini (1996), "a saúde e a doença estão interligadas
num processo dinâmico que, quando desequilibrado, leva o individuo a um estado
não favorável de satisfação orgânica, que então chamaremos de doença."
(FORATTINI, 1996, apud, LIMA, 2008).
No fim do século XX e início do XXI surgiram
novos conceitos nesse processo como
cuidado, acolhimento, humanização, entre outros. Nesse sentido o
processo saúde-doença recebe atenção especial, pois, torna-se um processo de
relações sociais entre pessoas num determinado espaço geográfico e num determinado
espaço de tempo (Tancredi; Barrios;Ferreira, 1998, p.29, apud, Silva, 2006).
“Doença é algo que nos revela um desequilíbrio interior
e que nos chama a uma mudança de vida para que
alcancemos um novo equilíbrio superior”
(VINCINI,2002).
Saúde e doença: conceitos
A
Organização Mundial de Saúde – OMS define saúde como: não só como ausência de doença mas, também,
como situação de perfeito bem-estar físico, mental e social.
Considera-se
esse conceito ultrapassado pois, visa uma perfeição inatingível.
Segundo Jorge L. L. da Silva "o
modo de ver saúde e doença é peculiar de cada indivíduo" . Saúde e doença
em sentido absoluto não existe. A prova disso é que não se consegue definir uma
sem falar na outra. (SILVA, 2006).
Constata-se, no meio científico e acadêmico, a discussão voltada para um
paradigma ampliado de saúde, atrelado à qualidade de vida e bem-estar. [...] três
aspectos fundamentais referentes ao construto qualidade de vida foram obtidos, levando
em consideração diferentes culturas, com isso, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) apresentou 3 dimensões influentes: 1) subjetividade; 2) multidimensionalidade,
3) presença de dimensões positivas (p.ex. mobilidade) e negativas (p.ex. dor).
Esses aspectos se desdobram em seis domínios que englobam, desde o domínio
físico, até o espiritual.(SILVA, 2006)
Nesse processo
saúde-doença devemos também destacar a enfermidade [...] existem pessoas com patologias crônicas
que se consideram sadios. Outros “aparentando saúde”, vivenciam um problema de
ordem pessoal, tendo tamanha relevância que arruína o seu bem-estar. É a
questão da subjetividade.[...] O paradigma
ampliado inclui o bem-estar e a visão de totalidade do ser humano. (SILVA, 2006)
"Enquanto a doença é uma condição de uma
determinada parte do corpo, afetada por um evento que o prejudica, a
enfermidade está relacionada à totalidade do ser humano. Uma pessoa pode estar
enferma mesmo sem apresentar qualquer doença." (VINCINI, 2002)
Nesse sentido, bem-estar é uma
representação do indivíduo, assim como doença também. Vai depender da forma de
encarar as adversidades da vida e da cultura de cada um.
A doença se manifesta pelo sujeito que
pensa e sente, conforme Vincini (2002):
"Doença é o que representamos que ela seja. Assim, se para nós doença é uma possessão diabólica, então ela é isso. Se achamos que é uma invasão de microorganismos patógenos em nosso corpo, então doença é isso. Se pensamos que é algo que nos afeta negativamente, pois nos faz sofrer, e é fruto de uma punição por alguma ação imprópria que possamos ter cometido (comer desregradamente, por exemplo), então doença é isso. Mas, se julgarmos que doença é algo que nos revela um desequilíbrio interior e que nos chama a uma mudança de vida para que alcancemos um novo equilíbrio superior, então doença será isso. (Vincini, 2002)"
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