A sutileza das convulsões parciais
Um veterano de guerra sujeito a automatismos leu
no jornal a respeito de um homem que abraçou uma mulher em um parque, seguiu-a
até o banheiro feminino, e depois tomou um ônibus. A partir da descrição
fornecida, ele se deu conta que o homem era ele.
Em
uma certa manhã, um médico saiu de casa para atender uma emergência do hospital
e voltou algumas horas depois, bastante confuso, sentindo como se tivesse tido
um pesadelo. No hospital, ele realizou uma operação difícil ... com sua
competência usual, mas depois fez e disse coisas que julgava inapropriadas.
Um
jovem professor de música, enquanto assistia a um concerto, caminhou pela coxia
até o palco, caminhou ao redor do piano, pulou no chão, deu um salto e saiu
correndo pelo corredor, recuperando a consciência no caminho para casa.
Muitas vezes ele se flagrou em um ônibus longe de seu destino.
Um
homem, tendo um ataque, foi até o seu patrão e disse "eu quero ganhar mais
ou me demito". Mais tarde, para sua surpresa, verificou que o seu salário
havia subido.
Embora
os pacientes pareçam estar conscientes durante seus ataques parciais complexos,
eles, em geral, têm pouca ou nenhuma lembrança. Aproximadamente, metade de
todos os casos de epilepsia são da variedade parcial complexa – os lobos
temporais são particularmente suscetíveis a descargas epilépticas. Uma
convulsão parcial não envolve o cérebro todo. Por razões desconhecidas, os
neurônios epilépticos em um foco começam a disparar em conjunto, e são esses
surtos sincronizados dos neurônios que produzem os picos epilépticos no EEG. A
atividade sincronizada pode ficar restrita ao foco até que o ataque termine, ou
espalhar-se para outras áreas do cérebro - porém, no caso de convulsões
parciais, ela não se espalha para todo o cérebro. Os sintomas comportamentais
específicos de uma convulsão epiléptica parcial dependem de onde as descargas
perturbadoras começam e para que estruturas se espalhem. Como as convulsões
parciais não envolvem todo o cérebro, elas normalmente não são acompanhadas por
perda total de consciência ou de equilíbrio.
Fonte:
Biopsicologia – John P. J. Pinel
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