Em
1923, no seu trabalho Dois artigos de
enciclopédia: psicanálise e teoria da libido, Freud define a psicanálise
como um procedimento de investigação dos processos mentais um método de
tratamento e uma disciplina científica [...] mais tarde ele complementa sua definição afirmando
que “uma é união entre curar e investigar” (ZIMERMAN).
Freud disse muitas vezes que a psicanálise
é uma teoria da personalidade, um método de psicoterapia e um instrumento de
investigação científica, querendo assinalar que, por uma condição especial,
intrínseca dessa disciplina, o método de investigação coincide com o
procedimento curativo, porque a medida que alguém conhece a si mesmo, pode
modificar a sua personalidade, isto é, curar-se [...] o grande achado de Freud
consiste em que descobrindo traumas, recordações ou conflitos, os sintomas da
doença modificam-se e a personalidade enrique-se, amplia-se e reorganiza-se
(ETCHEGOYEN).
Psicoterapia é um termo empregado para qualquer
tratamento psicoterápico, aos quais
Freud não fazia distinção [...] posteriormente Freud sentiu-se no dever de
discriminar a psicanálise como ciência. (ZIMERMAN)
A
necessidade de atender pacientes mais graves, na psiquiatria nos Estados
Unidos, levou os psicanalistas americanos, a desenvolverem modificações nas
intervenções psicanalíticas que fossem mais adequadas às exigências clínicas
desses pacientes, resultando na psicoterapia
psicanalítica, cujo principal pioneiro foi Robert Knight e depois Austem
Riggs. (EIZIRIK)
A psicoterapia analítica vem gradativamente adquirindo
uma alta respeitabilidade como uma modalidade terapêutica capaz de propiciar
resultados verdadeiramente psicanalíticos. Cabe salientar que uma psicoterapia
de apoio pode assumir formas distintas, desde, conforto, palavras amáveis,
consolo ou algo depreciativo. Uma boa psicoterapia de apoio de base analítica
requer bom preparo do terapeuta, este tem a difícil missão de discriminar e
localizar a, muitas vezes oculta, parte sadia e forte do paciente e reforçá-la
de modo a propiciar-lhe condições de enfrentar seu lado frágil e doente, sem
necessariamente ter de aprofundar na dinâmica dos conflitos inconscientes. (ZIMERMAN)
Segundo
Knight (1945) a psicoterapia de apoio pode ser indicada quando
[...]
a avaliação clínica do paciente levar à
conclusão de que ele é muito frágil psicologicamente para ser mais
profundamente abordado, ou muito inflexível ou incapaz de uma alteração real da
personalidade, ou muito defensivo para ser capaz de alcançar o insight [...] a
decisão de usar medidas supressivas é, na verdade, tomada devido a contra
indicações ao uso de intervenções exploratórias.
Santos
(2003), em seu artigo Processo Analítico: A Conceituação Em Um Grupo de
Psicanalistas, esclarece a questão da analisabilidade do paciente da
interessante perspectiva de Balint (1982)
descrita por Etchegoyen:
ETCHEGOYEN (2003) descreve o ponto de vista de Balint (1982), que
introduz a noção da falta básica. Dividindo os indivíduos em duas
categorias quanto ao desenvolvimento emocional (os que alcançaram o nível
edípico genital e os que não o alcançaram), Balint diz que no primeiro grupo,
analista e paciente dispõem da mesma
linguagem para a interpretação, a maturidade do paciente atingiu o nível
triangular, há, portanto, conflito. No segundo, opera a falta básica, a
relação é dual e a linguagem adulta é inútil, pois aqui o que é operante é a
relação de objeto. Aqui, o analista deve responder ao analisado não com
interpretações, que são inúteis, mas se oferecendo como objeto para ser
catexizado, estar ali sem interferir, pois ali não há conflito. (SANTOS, 2003)
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