Consciência/Alienação: a ideologia no nível individual - RESENHA CRÍTICA
Consciência/Alienação: a ideologia no nível individual
A autora nos diz que o homem está inserido em uma rede de relações
sociais e que um comportamento não existe isoladamente. O indivíduo é um
ser atuante, produto e produtor, como sujeito da história, que é modificada
conforme sua atuação enquanto ser inteligente e autônomo.
O indivíduo se insere (no grupo) através da linguagem que traz
representações, significados e valores existentes em um grupo social, é,
também, meio de expressão da idelogia do mesmo. A linguagem, ainda nesse
sentido, é condição necessária para o desenvolvimento do pensamento do sujeito.
Lane ressalta que “nem todas as representações implicam necessariamente
reprodução ideológica; esta se manifesta através de representações que o
indivíduo elabora sobre o Homem, a Sociedade, a Realidade...”. (Lane, 1987,
p.41). As representações também são elaboradas sobre aspectos da sua vida que,
implícita ou explicitamente, são
atribuídos valores de certo ou errado, bom ou mal.
No plano superestrutural a ideologia é articulada pelas instituições, no plano
individual pela história de vida e inserção de cada um.
O indivíduo torna-se consciente ao detectar contradições entre as
representações e suas atividades.
Segundo Lane “quando falamos em consciência de si como sendo necessariamente
consciência social, a alienação definida pela psicologia em termos de doença
mental, neuroses etc., se aproxima da concepção sociológica de alienação.”
(Lane, 1987, p.41).
À alienação é dada característica de “naturalidade” aos fatos sociais.
Lane diz:
“A alienação se caracteriza,
ontologicamente, pela atribuição de "naturalidade" aos fatos sociais;
esta inversão do humano, do social, do histórico, como manifestação da
natureza, faz com que todo conhecimento seja avaliado em termos de verdadeiro
ou falso e de universal; neste processo a "consciência" é reificada,
negando-se como processo, ou seja, mantendo a alienação em relação ao que ele é
como pessoa e, consequentemente, ao que ele é socialmente.” (Lane,1897, p.42)
Consciência social e consciência de classe
Consciência social: ao pertencer a um grupo o indivíduo, através de suas ações,
desperta uma consciência de classe desencadeando um processo de conscientização
de si e social. Categoria psicológica.
Consciência de classe: indivíduos conscientes de si pertencentes a um grupo,
sujeitos das mesmas determinações históricas (processo essencialmente grupal).
Categoria sociológica
No plano da ação as duas são intersociáveis, tanto individual como grupal.
A questão da alienação só pode ser analisada no plano individual, pois, envolve
pensamento e ação, que são mediados pela linguagem.
O homem transforma o ambiente através de suas ações, para isso a ação precisa
ser planejada através do pensamento que se dá através dos significados
transmitidos pela linguagem.
Enquanto o indivíduo planeja a ação, ao mesmo tempo ele pensa nas consequências
o que o leva a pensar na não-ação. Essa mediação é feita pela linguagem, um
produto subjetivo que poderá estar reproduzindo conteúdos próprios do indivíduo
e que, por sua vez, é um produto do grupo social ao qual o indivíduo pertence,
reproduzindo assim, a ideologia do seu grupo social.
Se a ação for apenas reproduzida como “verdadeira”, sem antes ter sido pensada,
reproduzindo a ideologia do grupo, o indivíduo permanece alienado.
O ser humano está
inserido em uma rede de relações sociais e é compreendido em sua complexidade
pelo seu comportamento, sua atuação, enquanto indivíduo autônomo e inteligente
que modifica sua história através da linguagem utilizando-se dos seus modos de
subjetivação.
O indivíduo é considerado consciente quando atinge certo grau de autonomia e é
capaz de refletir sobre os conflitos existentes em suas relações sociais e
analisar a ideologia presente em seu meio social e o quanto ela o
influencia de forma individual.
Importante ressaltar que um comportamento não existe isoladamente, e que para
toda ação há uma reação. Que o sujeito é personagem ativo e passivo da
história. E que a linguagem tem papel fundamental neste processo não só para
efeitos de comunicação, mas também para manutenção da cultura, desenvolvimento
do pensamento e da consciência, identificação do grupo.
Um indivíduo só se insere num certo grupo se ambos estão unidos pelos
mesmos fins.
A inserção
do indivíduo no grupo não é garantia de conscientização nem de
engajamento. As relações que se estabelecem podem ser de reprodução da
ideologia do grupo e de alienação.
A
alienação ocorre quando é vista com características de “naturalidade”, não
havendo processos de indagação, procura ou busca pelo sentido dos fatos
na visão de cada indivíduo, aceitando-se os fatos sociais como fenômenos
naturais, num constante processo de repetição sem reflexão, negando-se os modos
de subjetivação. Uma representação não é necessariamente a reprodução de
uma ideologia.
Se o indivíduo não pensa sua relação com o mundo não assume uma postura
criativa frente à realidade social. Não atribuindo um sentido para sua vida,
ele não sai da posição de alienado.
Nesse sentido, é através da subjetivação que o sujeito vai construir um caminho
até os direitos universais e específicos, resistindo a forças opressoras que
impedem a sua auto-construção, como sistemas e instituições que “moldam” os
indivíduos, ou ainda, a lógica do mercado.
Uma representação não é necessariamente a reprodução de uma ideologia.
Podendo ser apenas representações elaboradas pelo indivíduo sobre aspectos da
sua vida.
A
forma de inserção do indivíduo no grupo é determinante na relação.
Como
na matemática:
João
está contido no grupo “X”. sendo
→ João {
X }
O indivíduo age de acordo com o grupo, sem refletir, ele está
reproduzindo a ideologia do grupo, ou suas prórpias representações,
permanecendo na posição de alienado, está contido.
Mas
se o indivíduo questiona, pensa, e não reproduz como se fosse uma fórmula
algébrica então sua posição é inversamente proporcional ao grupo. E agora sim
ele está lançando mão de suas representações, da sua individualidade e
subjetivação para fazer história. João pertence ao grupo “X” mas anda na
direção que sua vontade determina, pode até ser a mesma do grupo, desde que
seja determinada por seu desejo e posição ideológica.
A
equação então ficará assim:
João↓ {
X } ↔ X= { ↑↑↓↗↓↓↓↓}
onde ↑↓↗ são elementos do grupo,
no caso, pessoas com quem João está interagindo.
João
pertence a “X” se e somente se (↔) o grupo ou conjunto for composto por
pessoas flexíveis e abertas a discussão.
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