Observação
de bebês de Ester Bick
A
psicanalista inglesa Esther Bick, discípula de Melanie Klein, foi quem desenvolveu o método “naturalista”
de observação de bebês em 1948, como parte do curso de aprendizagem para
psicoterapeutas de crianças em Londres. Mais tarde, a observação de bebês foi
incorporada ao plano de estudos do Instituto de Psicanálise de Londres, em 1960.
O método de observação de bebês, tem como objetivo dar ao observador
(candidato a psicanalista ), a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de
um determinado bebê durante os primeiros anos de vida, através de sua relação
com as figuras parentais, especialmente a mãe;
desenvolver a capacidade de valorizar os pequenos detalhes da relação;
de se colocar na posição de não saber de
antemão,esperando pelo esclarecimento de algo que não se conhece; de observar
com interesse e paciência para o fato de que tudo tem algum significado para a
pessoa.
Na
observação de bebês o observador efetua uma visita semanal à família
até,aproximadamente , o final do segundo ano de vida do bebê, podendo continuar com o objetivo de
completar a experiência até o terceiro ano. Geralmente a visita dura uma hora.
A
primeira entrevista com os pais, que pode acontecer antes do nascimento ou
imediatamente após, tem como objetivo que a família e o observador possam
se conhecer e decidam se a observação
será ou não realizada. De início é explicado aos pais que o observador deseja
adquirir alguma experiência direta com crianças pequenas,como parte de sua
formação profissional.
Esta
observação deve ser o mais fiel e global possível, captando, além dos
acontecimentos, os comportamentos, os gestos, e as atitudes do bebê, da mãe, do
pai ou de qualquer outro membro da família, assim como o que eles dizem,
tratando ou não de questões importantes,
singulares, repetitivas ou banais.O observador deverá ser simpático e receptivo
com todos os membros da família, ao mesmo tempo em que reconhece o privilégio
de lhe ser permitido participar da privacidade da família,isto é, tem que se
colocar no fundo, não mostrar grande entusiasmo e não chamar atenção sobre si.
Durante as visitas, não serão tomadas notas e
sim imediatamente depois de terminada a observação, com o objetivo de captar
todos os detalhes possíveis. È necessário que o observador se sinta incluído no
seio familiar, como para experimentar o impacto emocional, entretanto deverá
abster-se de dar conselhos ou orientações não solicitados. As observações deverão ser apresentadas num
grupo de discussão analítica para interpretações do material recolhido. Esses grupos funcionam como uma supervisão de
sessões analíticas onde o observador e candidato a psicanalista aprende a
reconhecer os efeitos de sua presença na relação mãe / bebê; a relação
transferencial estabelecida entre mãe e ele; seus próprios afetos
transferências, seja em termos de identificar-se com o bebê ou com asangústias maternas.
A relação com a situação analítica se dá pela
via da comunicação não-verbal, logo, existe em todos pacientes, sejam crianças,
adolescentes ou adultos, um aspecto “bebê” que precisa se entendido e que
utiliza preferencialmente a comunicação
não-verbal. Faz-se um paralelo com a situação analítica, na qual, o psicanalista se encontra num espaço onde
deve manter uma atitude de receptividade afetiva, sem no entanto passar ao ato;
deve observar não somente as palavras ditas pelo analisando, mas seu
comportamento; deve ser paciente e suportar o silêncio e sua própria confusão
de não saber o que se passa com o analisando, para evitar responder à sua
demanda e fechar o circuito do desejo.
Fonte:
www.pucsp.br/psicologia/downlodas/2_07_Psicoterapia_infantil_Proposta_2009.doc
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