sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O caso de Arrasar a mente de Phineas Gage




 Em 1848, Phineas Gage, um operário de 25 anos que trabalhava na construção da ferrovia Rutland and Burlington, foi vítima de um trágico acidente. Para assentar os novos trilhos, o terreno deveria ser nivelado, e Gage estava encarregado das explosões. Sua tarefa envolvia fazer furos na rocha, derramar pólvora em cada furo, cobri-lo com areia e socar o material com um grande socador de ferro antes de detoná-lo com um estopim. Naquele dia trágico, a pólvora explodiu enquanto Gage a estava socando, lançando o socador, uma barra de ferro de 90 centímetros de comprimento e três de espessura, através de seu rosto, crânio e cérebro, saindo pelo outro lado. Surpreendentemente, Gage sobreviveu ao acidente, mas sobreviveu a ele como um homem diferente. Antes do acidente, Gage era uma pessoa responsável, inteligente e bem-adaptada do ponto de vista social. Além disso, era muito querido por seus amigos e colegas de trabalho. Após se recuperar, ele parecia física e intelectualmente tão capaz quanto antes, mas sua personalidade e sua vida emocional haviam mudado. Antes um homem religioso, respeitoso e confiável, Gage tornou-se irreverente e impulsivo. Em particular, sua impiedade ofendia a muitos. Ele se tornou tão inconstante e imprevisível que logo perdeu o emprego e nunca mais conseguiu ter uma posição de responsabilidade. Gage tornou-se um itinerante, percorrendo o país por uma dúzia de anos até morrer em São Francisco. Seu bizarro acidente e sua recuperação aparentemente bem-sucedida estiveram nas manchetes por todo o mundo,mas sua morte passou despercebida e amplamente ignorada. Gage foi enterrado juntamente com o socador de ferro que o havia vitimado. Cinco anos depois, o neurologista John Harlow recebeu permissão de sua família para exumar o corpo e o socador de ferro para estudá-los. Desde então, o crânio de Gage e o socador de ferro estão à mostra no Warren Anatomical Medical Museum da Universidade de Harvard.












Em 1994, Damasio e colaboradores utilizaram o poder da reconstrução computadorizada no caso clássico de Gage. Eles começaram tirando um raio X do crânio e medindo-o com precisão, prestando atenção particular à posição dos furos de entrada e saída. A partir dessas medidas, eles reconstruíram o acidente e determinaram a provável região da lesão cerebral de Gage (ver Figura abaixo). Parece que a lesão no seu cérebro afetou os lobos pré-frontais mediais, que atualmente sabemos estar envolvidos no planejamento e nas emoções.



Fonte:

Biopsicologia - Jonh P. J. Pinel

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