Terapia cognitiva - (resumo)
Fundamentos teóricos
Paulo Knapp
O modelo cognitivo foi originalmente construído de
acordo com pesquisas conduzidas por Aaron Beck para explicar os processos
psicológicos na depressão, em uma tentativa de provar a teoria freudiana de
depressão como hostilidade retrofletida reprimida. A pesquisa sobre os sonhos
dos pacientes deprimidos mostrou um “senso de derrota, fracasso e perda”.
Estabelecendo
as bases para a teoria e terapia cognitivas, Beck passou a diferenciar a
abordagem cognitiva da psicanalítica, focando o tratamento em problemas
presentes, em oposição a desvelar traumas escondidos do passado, e na análise
de experiências psicológicas acessíveis, ao invés de inconscientes. Entretanto,
a experiência com a psicanálise foi importante no desenvolvimento inicial das
estratégias e conceitos terapêuticos da TC. Uma contribuição importante para os
fundamentos da TC foi dada pela formulação freudiana de estruturação
hierárquica da cognição em processo primário (isto é, fora da consciência e
baseada em fantasias e desejos) e processo secundário (isto é, acessível à
consciência e baseado nos princípios de realidade objetiva), bem como o
conceito de que os sintomas são baseados em idéias patogênicas. Desde seu
treinamento em psicanálise e ao longo de sua carreira profissional, Beck
identificou-se com neo-analistas, como Alfred Adler, Karen Horney, Otto Rank e
Harry Sullivan, que enfatizaram a importância de entender e lidar com as
experiências conscientes dos pacientes, bem como a necessidade de tratar os
significados que os pacientes atribuem a eventos que acontecem em suas vidas. A
teoria cognitiva, com seu foco nos processos intrapsíquicos, e não no
comportamento observável, é mais um legado da teoria psicanalítica, embora os
procedimentos terapêuticos sejam mais semelhantes à terapia comportamental.
A TC recebeu contribuições de outras escolas também,
como a abordagem fenomenológica humanista de Kant, Heidegger e Husserl, com
ênfase na experiência subjetiva consciente. Derivado dos filósofos estóicos
gregos surgiu o conceito de que os seres humanos são perturbados pelos
significados que atribuem aos fatos, e não pelos fatos per se. Carl
Rogers, com sua terapia centrada no cliente, inspirou o estilo terapêutico de
questionamento gentil e aceitação incondicional do paciente. A teoria do apego
de John Bowlby foi uma fonte altamente valiosa para o desenvolvimento da
conceitualização cognitiva.
As influências das ciências cognitivas e da psicologia
cognitiva também foram responsáveis pelas bases da TC. Os trabalhos de George
Kelly, um psicólogo cognitivo, tiveram importante impacto, principalmente sua
teoria do constructo pessoal que, junto com a idéia de esquemas de Piaget,
evoluiu para a definição semelhante de Beck de esquemas. A teoria cognitiva de
emoções de Richard Lazarus, a abordagem de solução de problemas de Goldfried
& D’Zurilla, os modelos de auto-regulação de Albert Bandura e Donald
Meichenbaum, além de escritores com foco na cognição, como Arnold Lazarus,
também influenciaram a teoria e prática
cognitiva.
A ênfase da TC em uma abordagem de solução de problemas
conscientes também foi adotada pela terapia racional emotiva comportamental.
De um ponto de
vista filosófico, a TC pode ser considerada muito mais humanista, exploratória,
uma vez que trabalha com construtos como a mente, e lida com sentimentos e
pensamentos, ao passo que muitos considerariam a terapia comportamental
mecanicista demais.
Princípios
da TC
Princípio fundamental → maneira como os indivíduos percebem e
processam a realidade influenciará a maneira como eles se sentem e se comportam.
Objetivo terapêutico da TC → reestruturar e corrigir esses pensamentos distorcidos
e colaborativamente desenvolver soluções pragmáticas para produzir mudança e
melhorar transtornos emocionais.
Pensamentos automáticos → pensamentos nas
fronteiras da consciência, ocorrem espontaneamente e são de interpretação
imediata.
Nas raízes
dessas interpretações automáticas distorcidas estão pensamentos disfuncionais
mais profundos, chamados de esquemas (também denominados crenças
nucleares, usados com o mesmo significado por muitos autores).
Conforme definido por Clark, Beck & Alford,
esquemas são “estruturas cognitivas internas relativamente duradouras de
armazenamento, de características genéricas,
prototípicas de estímulos, idéias ou experiências que são utilizadas para
organizar novas informações de maneira significativa, determinando como os
fenômenos são percebidos e conceitualizados”. Uma vez que uma determinada
crença básica se forma, ela pode influenciar a formação subseqüente de novas crenças
relacionadas e, se persistirem, são incorporadas na estrutura cognitiva
duradoura ou esquema. Crenças nucleares embutidas nessas estruturas cognitivas
modelam o estilo de pensamento de um indivíduo e promovem erros cognitivos
encontrados na psicopatologia.
A ativação desses esquemas interfere na capacidade da
avaliação objetiva de eventos, e o
raciocínio torna-se prejudicado. Distorções cognitivas sistemáticas (por exemplo,
catastrofização, raciocínio emocional e abstração seletiva) ocorrem à medida
que esquemas disfuncionais são ativados.
Como estratégias de enfrentamento os pacientes podem empregar
estratégias compensatórias. Embora essas manobras cognitivas e comportamentais
aliviem seu sofrimento emocional momentaneamente, em longo prazo as estratégias
compensatórias podem reforçar e piorar crenças disfuncionais.
Há uma relação recíproca entre afeto e cognição, uma
vez que o aumento da distorção cognitiva e emocional pode resultar de um
reforçando o outro.
Procedimentos e técnicas
Conforme Beck ressalta, em primeiro lugar e antes de
tudo, para realizar o empreendimento terapêutico é importante estabelecer uma
boa relação de trabalho com o paciente, um procedimento terapêutico chamado de empirismo
colaborativo. Paciente e terapeuta trabalham como uma equipe para avaliar
as crenças do paciente, testando-as para verificar se estão corretas ou não e
modificando-as de acordo com a realidade. Em segundo lugar, o terapeuta usa o
questionamento socrático como um meio de guiar o paciente em um questionamento
consciente que permitirá que este tenha um insight sobre seu pensamento
distorcido, um procedimento chamado descoberta guiada.
Ao longo de todo tratamento, utiliza-se a abordagem
colaborativa e psicoeducativa, com experiências específicas de aprendizagem desenhadas
com o intuito de ensinar os pacientes a: 1) monitorar e identificar pensamentos
automáticos; 2) reconhecer as relações entre cognição, afeto e comportamento;
3) testar a validade de pensamentos automáticos e crenças nucleares; 4)
corrigir conceitualizações tendenciosas, substituindo pensamentos distorcidos
por cognições mais realistas; e 5) identificar e alterar crenças, pressupostos
ou esquemas subjacentes a padrões disfuncionais de pensamento.
O terapeuta cognitivo desempenha um papel ativo para
auxiliar o paciente a identificar e focar em áreas importantes, propondo e
ensaiando técnicas cognitivas e comportamentais específicas, e planejando
colaborativamente tarefas entre as sessões. Um plano de tratamento para toda a terapia
e a pauta para cada sessão são discutidos com o paciente.
O feedback dos pensamentos do paciente sobre a
sessão em andamento e o tratamento como um todo é rotineiramente solicitado para
criar a oportunidade de tratar e manejar quaisquer concepções equivocadas e
mal-entendimentos que possam surgir durante a terapia. O terapeuta cognitivo
precisa ser um bom estrategista para planejar procedimentos terapêuticos que
tenham mais chance de produzir mudanças específicas para aquele determinado paciente.
Conceitualização
de caso
Desde o início do tratamento, o terapeuta desenvolve uma
conceitualização cognitiva
do paciente. A conceitualização de caso é um trabalho permanente no
decorrer de um tratamento; à medida que novos dados clínicos importantes são trazidos para a terapia, a
conceitualização cognitiva será alterada e atualizada conforme necessário
enquanto o tratamento evolui. Para preparar um plano de tratamento, uma conceitualização
de caso individual é extremamente necessária, uma vez que guia as intervenções
terapêuticas. A conceitualização de caso contém uma avaliação histórica e prospectiva
de padrões e estilos de pensamento comuns em diversas situações de vida e a
avaliação delas pelo paciente, podendo-se identificar um padrão cognitivo.
O terapeuta identificará o conjunto idiossincrático de
crenças disfuncionais, vulnerabilidades específicas individuais e estratégias
comportamentais que os pacientes usam para lidar com suas crenças nucleares.
Técnicas
cognitivas e comportamentais
A separação de intervenções de TC em técnicas
cognitivas e comportamentais é apenas para propósitos didáticos. E como sabemos,
mudança cognitiva gera mudança de comportamento, e vice-versa. Uma série de técnicas
diferentes pode ser usada.
Técnicas comportamentais poderiam ser mais usadas em
casos de depressão grave nos quais há uma necessidade de promover a ativação comportamental
do paciente. Ao contrário, quando o paciente não necessita primariamente de
ativação comportamental, procedimentos mais puramente orientados à cognição
podem ser aplicados. Para pacientes com transtornos de ansiedade, um entendimento
dos princípios fundamentais do modelo cognitivo será provavelmente necessário
antes da introdução de qualquer experimento comportamental.
Uma série de técnicas cognitivas é usada em TC, como identificação,
questionamento e correção de pensamentos automáticos, reatribuição e
reestruturação cognitiva, ensaio cognitivo e outros procedimentos terapêuticos
de imagens mentais. Entre as técnicas comportamentais estão, por exemplo, agendamento
de atividades, avaliações de prazer e habilidade, prescrições comportamentais
de tarefas graduais, experimentos de teste da realidade, role-plays,
treinamento de habilidades sociais e técnicas de solução de problemas.
Técnicas comportamentais são integradas num programa
de tratamento de TC de muitas maneiras distintas. Grande parte da TC é devotada
a técnicas de solução de problemas; os pacientes aprenderão a seguir os passos necessários,
como definir o problema, gerar maneiras alternativas de resolvê-lo e
implementar soluções alternativas.
O treinamento de habilidades sociais também pode ser
uma ferramenta necessária como parte do plano de tratamento. Um paciente que
teme situações sociais e apresente baixo desempenho social se beneficiará de role-plays
com o terapeuta da situação temida para construir habilidades sociais inibidas
e superar o problema. O terapeuta age como um modelo, para que os pacientes
possam aprender a ter um desempenho social. Após suficiente role-play no
consultório, os pacientes são
estimulados a desempenhar em situações da vida real o que eles construíram
no consultório.
A TC foi desenvolvida para aplicação em formato
individual, em grupo, para casais e famílias, adultos, adolescentes e crianças,
em diferentes contextos clínicos. As indicações de TC são determinadas pelas
variáveis do paciente e do terapeuta, mais do que pela natureza do transtorno.
Pesquisas em TC/TCC
Os achados de Butler et al. revelam que a TC/TCC é eficaz nos casos de depressão unipolar
em adultos, depressão unipolar em adolescentes, transtorno de ansiedade
generalizado (TAS), síndrome do pânico com ou sem agorafobia, transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT) e transtornos de depressão e ansiedade em
crianças; bulimia nervosa; nos
tratamentos de relação conjugal conflituosa, raiva, transtornos somáticos na
infância e diversas dores crônicas (isto é, comportamento de expressão da dor, nível
de atividade, funcionamento do papel social e enfrentamento e avaliação
cognitiva), bem como no transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) (ES = 0,19). A
eficácia da TC para agressores sexuais é se combinado com tratamentos hormonais é mais efetivo para reduzir a recorrência
nesta população. Finalmente, a revisão verificou que a TC era superior à
terapia de apoio/não-diretiva em duas comparações para depressão em
adolescentes (ES = 0,84) e duas comparações para TAS (ES = 0,71). A TCC também
mostrou resultados promissores como adjuvante da farmacoterapia no tratamento
da esquizofrenia. A TC/TCC também pode desempenhar um papel terapêutico na prevenção de recaídas de
esquizofrenia, conforme relatado em um estudo controlado randomizado de TC com grupo
de alto risco. Os achados de outras metanálises também indicam que os protocolos
de TC/TCC são mais efetivos do término de sintomas de pânico e ansiedade do que
os tratamentos farmacológicos. Duas metanálises de TC e TCC demonstraram a
eficácia dessas abordagens para fobia social e verificaram que uma abordagem
“pura” de TC era mais eficiente do que fluoxetina. A TC padrão para TAS mostrou
ter uma clara vantagem sobre a terapia comportamental no seguimento. A
manutenção dos efeitos da TC em muitas doenças por períodos substanciais além
da cessação do tratamento foi demonstrada pelas metanálises revisadas. Há
evidências significativas para efetividade a longo prazo para depressão,
ansiedade generalizada, pânico, fobia social, TOC, agressão sexual,
esquizofrenia e transtornos internalizantes na infância. Nos casos de depressão
e pânico, há evidências robustas e convergentes de metanálises de que a TC
produz uma persistência de efeitos muito superior em longo prazo, com taxas de
recorrência 50% menores que as de farmacoterapia. Para o transtorno bipolar,
também se relatou a aplicação da TC como tratamento adjuvante na prevenção de
recaídas e sua boa relação custo-efetividade. Lam et al., em um ensaio controlado
randomizado de TCC para prevenção de recaídas no transtorno bipolar,
encontraram que os pacientes tratados com TCC tiveram resultados
significativamente melhores (por exemplo, episódios bipolares em menor número e
mais curtos, menor número de hospitalizações, menor variabilidade de sintomas
maníacos etc.) no seguimento de um ano. Algumas outras aplicações com amparo
empírico da TC/TCC incluem anorexia nervosa, transtorno dismórfico corporal,
colecionismo patológico, jogo patológico, TEPT em crianças que sofreram abuso,
TOC em crianças e transtorno afetivo sazonal. Ensaios controlados randomizados
também fornecerem forte amparo empírico para a eficácia de intervenções
cognitivas, muitas vezes como um adjunto à terapia, no tratamento de uma ampla variedade
de condições médicas, incluindo doença coronariana, hipertensão, câncer, dores
de cabeça, dor crônica, dor lombar crônica, síndrome da fadiga crônica, artrite
reumatóide, síndrome pré-menstrual e síndrome do cólon irritável. Estudos de resultados adicionais documentaram
o papel benéfico da TC para pacientes com diversos transtornos médicos na
redução da depressão e na melhora da qualidade de vida global. Em anos
recentes, pesquisas encontraram correlatos neuropsicológicos de pensamentos e
crenças disfuncionais na depressão. Estudos de neuroimagem demonstraram os
efeitos da TC em alterações cerebrais funcionais e fisiológicas associados com TC
para depressão. Apesar dos resultados muito interessantes, este assunto está
além do escopo deste artigo de revisão. Entretanto, é importante ressaltar o
fato de que estudos desta natureza podem expandir enormemente nosso
entendimento da relação mente cérebro e de como as técnicas comportamentais e cognitivas afetam a
função cerebral.
Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e
pesquisa da terapia cognitiva
A TCC é usada como um termo mais amplo que inclui tanto a TC
padrão quanto combinações ateóricas de estratégias cognitivas e
comportamentais. O modelo cognitivo vem sendo refinado com o passar dos anos.
Entretanto, as características essenciais da
TC persistiram:
· Ênfase do pensamento distorcido
· Avaliação
cognitiva irrealista de eventos sobre os sentimentos e comportamentos do
indivíduo.
Fundamento histórico e filosófico das TCC
No início da década de 1960, uma “revolução cognitiva”
começou a emergir embora os primeiros textos centrais sobre modificação
cognitiva tenham aparecido somente na década de 1970.
A pesquisa de Albert Bandura suscitou questões sobre o
modelo comportamental tradicional disponível até então e apontou as limitações
de uma abordagem comportamental não mediacional para explicar o comportamento
humano.
Beck, Ellis, Cautela,Meichenbaum e Mahoney foram as figuras
iniciais mais importantes da cognitiva e
cognitiva-comportamental.
As TCCs podem ser classificadas em três divisões principais:
1) terapias de habilidades de enfrentamento – fornece
ao paciente um repertório de habilidades e instrumentos para lidar com uma série de
situações problemáticas;
2) terapia de
solução de problemas - desenvolvimento
de estratégias gerais para lidar com uma ampla variedade de dificuldades
pessoais; e
3) terapias de reestruturação - que enfatizam a
pressuposição de que problemas emocionais são uma consequência de pensamentos
mal adaptativos, sendo a meta do
tratamento reformular pensamentos distorcidos e promover pensamentos
adaptativos.
Alguns desses modelos conceituais de modificação
cognitivo-comportamental, conforme apresentados por Dobson & Dozois, estão
brevemente resumidos abaixo.
O treinamento de auto-instrução → desenvolvido na década de 70 por Donald
Meichenbaum.
Ø com foco na relação entre auto-instrução verbal e comportamento.
Ø ênfase nas tarefas graduais, modelagem cognitiva, na orientação do
treinamento mediacional e auto-reforço.
Ø herança comportamental de Meichenbaum.
O treinamento de inoculação de
estresse → também foi desenvolvido por Meichenbaum.
Ø Abordagem de enfrentamento.
Ø Aprendendo a lidar com níveis leves de
stres o paciente se torna “inoculado contra altos níveis de stres.
Solução de problemas → proposta em 1971 por D’Zurilla e
Goldfried.
Ø
Treinamento de autocontrole.
Ø
Treinar habilidades básicas de
solução de problemas aplicadas a situações reais.
Ø
Proposta: promover mudança
generalizada do comportamento.
Ø
Utilizada como prevenção e manejo
de estresse, manejo da raiva, depressão e enfrentamento do câncer.
A terapia racional emotiva
comportamental (TREC)
→ desenvolvida por Albert Ellis.
Ø Terapia de reestruturação
Ø Modelo ABC → A – avento ativo, B – crenças individuais, C –
consequências emocionais, comportamentais e fisiológicaas..
Ø Objetivo; identificar crenças irracionais e modificá-las pelo
convencimento.
A terapia construtivista → início da década de 80.
Ø abordagem cognitiva estrutural
Ø enfatiza o processo de pensamento e a geração de significado.
Em anos recentes, muitas outras abordagens cognitivo
comportamentais emergiram e evoluíram do modelo conceitual original cognitivo e
cognitivo-comportamental. A terapia do esquema, desenvolvida por Jeffrey
Young, e a terapia comportamental dialética (DBT), desenvolvida por
Marsha Linehan, são dois bons exemplos de abordagens de TCC usadas para tratar
indivíduos com psicopatologia mais grave, especialmente transtorno de
personalidade borderline.
Semelhanças e diferenças entre as TCCs
As abordagens em TCC compartilham bases comuns, embora haja
diferenças consideráveis em princípios e procedimentos.
Os pioneiros no desenvolvimento das intervenções vieram de diferentes
fundamentos teóricos:
1. Albert Ellis e Aaron Beck → psicanálise
2.
Meichenbaum, Goldfried e Mahoney →
modificação do comportamento
As abordagens atuais em
TCC compartilham três proposições fundamentais:
1.
Papel mediacional da cognição – há
sempre um processo cognitivo e avaliação de eventos internos e externos que
podem afetar a resposta a esses eventos.
2.
atividade cognitiva pode ser
monitorada, avaliada e medida.
3.
A mudança de comportamento pode
ser mediada por essas avaliações cognitivas. (pode ser uma evidência indireta
de mudança cognitiva)
As abordagens voltadas estritamente para a mudança de
comportamento não são cognitivo-comportamentais; da mesma forma, qualquer
terapia unicamente baseada em mudança cognitiva não é cognitivo comportamental.
A terapia que não inclua a proposição do modelo
mediacional como componente importante do plano de tratamento não está incluída
no escopo da TCC, e o termo “cognitivo-comportamental” não pode ser aplicado.
Em resumo, uma
característica definidora da TCC é o conceito de que os sintomas e os
comportamentos disfuncionais são cognitivamente mediados e, logo, a melhora
pode ser produzida pela modificação do
pensamento e de crenças disfuncionais.
As TCCs tem limite de tempo de tratamento, com muitos
manuais de tratamentos recomendando 12-16 sessões para depressão e ansiedade
não complicadas. Transtornos de personalidade e outros transtornos crônicos
levam mais tempo, talvez mais de 1-2 anos de tratamento.
Outro ponto em comum: o paciente é o agente ativo de
seu tratamento.
O pressuposto de controle do paciente é possível pelo
tipo de problemas com os quais as TCCs clássicas tipicamente lidam, que incluem
transtornos e problemas específicos, problemas de autocontrole e habilidades
gerais de solução de problemas.
Pontos em comum das TCCs:
Ø Educativas por natureza.
Ø Modelo terapêutico pode ser ensinado e a lógica para a intervenção
é comunicada ao paciente.
Ø Têm por objetivo implícito que o paciente aprenderá sobre o
processo terapêutico ao longo da terapia.
Ø Os pacientes tornam-se seus próprios terapeutas.
Conforme Dobson &
Dozois apontaram, TCCs em geral envolvem toda uma variedade de abordagens, a TC
conforme desenvolvida por Beck, com seu conjunto próprio de princípios e
metodologias e técnicas muito específicas, é razoavelmente uniforme.
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