Técnicas Cognitivas
(resumo)
Paulo Knapp
Muitas técnicas comportamentais são
usadas para gerar mudanças cognitivas. O objetivo final é reestruturação
cognitiva.
As
técnicas cognitivas podem ser usadas efetivamente para mudar cada um dos 3
níveis de cognição; pensamentos automáticos, crenças subjacentes e crenças
nucleares.
Pensamentos Automáticos
Primeiro
tipo de cognição que o paciente aprende a identificar. Podem palavras, imagens
ou memórias, estão na borda consciência e são parte integrante da visão que o
paciente tem de si e do mundo.
Podem ser categorizados
em:
· Distorcidos
· Acurados, mas com conclusão
distorcida
· Acurados, mas disfuncionais
Para identificar
pensamentos automáticos pode-se utilizar algumas das técnicas a seguir:
· Perguntar diretamente os pensamentos – deve-se evitar perguntas vagas, perguntar o que o
paciente está pensando naquele exato momento ou o que ele pensou no momento
imediatamente anterior a alguma mudança de humor durante a sessão.
1.
Mudança ou intensificação do humor durante a
sessão
2.
Descrição de uma situação ocorrida fora da
sessão
3.
Foco nas emoções
4.
Foco nas situações
5.
Recriação de situação vivenciada pelo paciente
6.
Role-play do que foi vivenciado (dramatização)
7.
Utilização de uma imagem que passou pela
cabeça ou que melhor o pensamento
8.
O terapeuta sugere um pensamento plausível
descreve que o paciente pode ter tido
9.
O terapeuta sugere um pensamento contrário ao
que pode ser esperado na situação
10.
Sugestão
de pensamentos derivados da prática clínica
11.
Obtenção de pensamentos que uma pessoa próxima
do paciente poderia ter
12.
Conversão da incerteza em possibilidade
13.
Conversão de perguntas em afirmações
Descoberta guiada – Busca de Significados
Descoberta
guiada por meio de questionamento socrático, uma das principais técnicas da TC.
O objetivo é trazer a informação à consciência do paciente, correlacioando o PA
à consequente emoção e comportamento. Através de perguntas simples o terapeuta
guia o paciente rumo a identificação de pensamentos disfuncionas, pressupostos
e esquemas.
Análise A→
B →C
Modelo
de Albert Ellis, usado para ajudar o paciente a identificar as cognições que
intermedeiam a situação e suas resultantes emoções e comportamentos. Colocado
em forma de tabela, onde A
representa a situação ou elemento ativador; B, pensamentos automáticos, pressupostos, regras, crenças nucleares
e C consequências emocionais,
comportamentais e físicas.
Registro de Pensamentos disfuncionais (RPD)
Originalmente
formulado por Aaron Beck e modificado por Judith beck. NO RPD as 3 primeiras
colunas são o A→ B →C Ellis
seguidas de mais duas colunas, uma Respostas Adaptativas e outra para
resultado.
As
cinco técnicas seguintes estão incluídas no RPD, mas podem ser aplicadas
separadamente.
Identificação de Pensamentos Disfuncionais
O paciente
monitora os pensamentos negativos espontaneamente.
Identificação de Emoções
O
paciente monitora as emoções que estão associadas aos seus pensamentos.
Avaliação do
Grau de Emoção Associada com o
Pensamento (e do Grau de Crédito no Pensamento)
Após identificar os pensamentos negativos o paciente avalia
(de0 a 100) quanta tristeza ele sente e o quanto acredita em seu pensamento
negativo.
Categorização
Dar
nomes às distorções cognitivas e elencá-las na coluna resposta adaptativa do
RPD. Esse processo pode produzir impacto cognitivo e enfraquecer suas
distorções.
Exame das evidências
Ensinar
o paciente a pesar as evidências disponíveis pró e contra seu pensamento e a
buscar interpretações alternativas, adaptativas, racioanis e mais adequado às
evidências.
1.
Examinar
os limites das informações do paciente
2.
Examinar
a confiabilidade e a qualidade das informações
3.
Examinar
a lógica dos pensamentos
Definição de Termos
Pacientes
fazem muitos julgamentos a seu próprio respeito e a respeito dos outros.
Rotulando , muitas vezes, com termos vagos e absolutistas. O terapeuta deve
perguntar exatamente o que significa para o paciente determinado “rótulo” ou
termo e não simplesmente acreditar que sabe do que o paciente está falando.
análise de custo-benefício
Também
pode ser aplicada para pressuposto e crenças nucleares. Ajuda o paciente a
avaliar as vantagens e desvantagens de manter um determinado comportamento.
Isso estimula o paciente a mudança de pensamento e consequentemente do
comportamento.
Colocação da Situação em Perspectiva
Colocar
a situação numa escala de 0 a 100. “se 100 for o pior que poderia acontecer na
situação o que seria 100? E o que seria 0?”
Construir Explicações Alternativas
A
partir de todos os dados coletados é solicitado ao paciente uma lista de interpretações
alternativas positivas para as situações que estão sendo examinadas. O
terapeuta deve auxiliar o paciente na tarefa, pois este tenderá a fazer
suposições distorcidas novamente baseadas em suas crenças nucleares e
pressupostos..
Descatastrofização
Superestimação
catastrófica dos eventos pode ser amainada por meio de questionamentos que
estimulam o paciente a reavaliar suas distorções exageradas e trágicas.
Reatribuição
Frequentemente
os pacientes sentem-se culpados ou culpam aos outros por determinada situação.
A reatribuição ajuda o paciente a entender o significado de “cullpa”, fazendo o
possível para substituir por um conceito
mais realista como “responsbilidade” e também a divisão realista desta com os outros,
se for o caso.
Distinção de Comportamentos de pessoas
Levar
o paciente a entender quando ele está rotulando e polarizando seus pensamentos.
Os comportamentos são interpretados como atributos universais da pessoa.
Ex: – “Não passei na prova porque sou burro.”
Exame das contradições Internas
É comum o
paciente apresentar expectativas e fantasias de que sua melhora se ddará
automaticamente, sem esforço da sua parte. O paciente quer mudar, desde que
para isso não necessite fazer mudanças.
Transformação da Adversidade em Vantagem
Circunstâncias
que trazem muito sofrimento (separações conjugais, ser despedido do emprego,
etc) podem gerar soluções alternativas que, até então, pela acomodação ou
dificuldade de enfrentamento o indivíduo teve dificuldade de explorar.
Educação sobre o Transtorno
Explicação sobre seu
transtorno que provoque alívio ao paciente, pela correção de informações
equivocadas. Saber que existe um componente biológico importante ajuda o
paciente a retirar o aspecto distorcido que atribui a si mesmo por não ser
capaz de resolver o problema.
Imaginário
Construir
no imaginário do paciente como ele gostaria de ser. Imaginar-se num futuro
próximo livres de seus distúrbio pode ajudar na modifiação de seus pensamentos
atuais.
Crenças Subjacentes (Intermediárias)
Encontram-se
em nível mais fundo, menos acessível à consciência imediata, assim como as
crenças nucleares.
Técnicas
Seta Descendente
Assim
que identificado um PA com forte carga emocional, por meio de uma série de
perguntas, pode-se chegar às camadas mais profundas da cognição – as crenças
intermediárias. Enquanto perguntar o que um pensamento significa sobre ele
evoca crenças nucleares.
Destacar e Perguntar Diretamente os Pressupostos
e as Regras
“Afirmações
do tipo “se..., então”, devo e tenho” são pressupostos e regras com um
mandamento imperativo rígido, não permitindo a flexibilização quando tais
padrões não são satisfeitos, resultando em humores mal adaptativos.” (Knapp,
p.145. 2004). O terapeuta deve perguntar diretamente ao paciente sobre suas
afirmações, levando-o a refletir.
Identificar Temáticas recorrentes
Ao
longo do tratamento o paciente fala de situações que ocorrem sempre da mesma forma. É
importante ressaltar essas temáticas recorrentes para que ele possa identificar
os pressupostos e regras que estejam vinculados.
Experimentos Comportamentais
Experimentos
que o paciente fará de forma a contrariars seus pressupostos e esquemas já
cristalizadas. Antes de pô-los em prática fará um treino com o terapeuta, em
consultório, de forma que o experimento não venha confirmar suas crenças
distorcidas.
Lista de Vantagens e Desvantagens
Análise
de custo e benefício, utilizada tanto para PA quanto para crenças. Pode ser trabalhada
colaborativamente na sessão, bem como servir de tarefa entre as sessões.
Cartões-lembrete
Escrever
em cartões a ideia da mudança. O cérebro precisa “aprender” a pensar diferente.
As novas regras precisam ser constantemente lembradas. Escrever em cartões é
forma de lembrar a toda hora essas novas regras.
Role-play Racional Emocional
O paciente é
solicitado a argumentar contra seu pensamento negativo ou a dramatizar, dizendo
para alguém que tivesse o mesmo problema tentando mostrar a irracionalidade e a
inutilidade da crença dessa pessoa.
Uso da Imaginação
Os pacientes tendem a imaginar que
coisas horríveis podem acontecer se... Vivem apegados a pressupostos e regras.
O terapeuta deve guiá-lo, pelo uso da imaginação, para que veja o que de fato
pode acontecer e não aquilo que catastrofiza.
Adequação Histórica
Alguns
pressuposto e crenças podem ter sido funcionais no passado, mas agora, no
presente, apresentam-se inválidos. Adequação desses pressupostos trocando-os
por outros mais funcionais pode significar mudança de atitude.
Crenças Nucleares
Encontram-se no
nível cognitivo mais profundo e formam os esquemas cognitivos. As técnicas
cognitivas e comportamentais são utilizadas para identificação e modificação
tanto no nível cognitivo intermediário
quanto no nível nuclear.
Técnicas
Psicoeducação
Ensinar
o paciente sobre suas crenças pode ajudá-lo a identificar suas crenças
nucleares e seus esquemas. É usado o folheto explicativo de J. Beck, copiado
fielmente. A mudança é muito difícil e lenta e, ás vezes, não mudam, o paciente
aprende a conviver com elas no caso de crenças muito cristalizadas.
Registro de Crenças Nucleares
O
paciente automonitora o que de fato acontece em sua vida. Feito em duas etapas.
Primeiro: evidências da crença
nuclear. O paciente coleta dados que uma crença disfuncional não é verdadeira.
Segundo: levanta evidências que
apoiam sua nova crença adaptativa – registro de crença adaptativa.
Teste Histórico
Registro
retrospectivo da via do paciente, levantamento de dados que desconfirmam suas
crenças disfuncionais.
Agir “como se”
Modificações
nas crenças alteram comportamentos, o contrário também é verdade. Modificando o
comportamento também é possível alterar as crenças. O paciente pode construir
cognitivamente um jeito novo de ser e passar a agir assim, mesmo que
artificialmente, com o tempo ele passa a agir como essa pessoa. A mudança para
o novo jeito de ser é gradual.
Reestruturar memórias
O paciente pode reinterpretar uma
experiência traumática e promover a reestruturação do significado desse evento
na sua memória.
Técnicas Comportamentais
Toda técnica comportamental tem um elemento cognitiva . a
modificação das distorções cognitivas também se dá por meio de técnicas
comportamentais. O objetivo das intervenções comportamentais é aumentar o
comportamento positivo, aumentar a auto-eficácia do indivíduo e estimular o
empenho em comportamentos mais adaptativos.
Automonitoramento
A
dupla terapêutica precisa prescrever de
forma clara o comportamento, pensamento ou emoção a ser monitorado. Pode ser
feito em planilha, trabalhada em sessão, mas, possivelmente, o paciente leve-a
consigo. O automonitoramento promove aumento de consciência do paciente com
relação ao pensamento ou emoção que está sendo trabalhado que ode ampliar seu
poder de autocontrole.
Programação de Atividades
A
dupla prescreve atividades diárias que tragam recompensa ao paciente. Essa
técnica é útil em aumentar auto-eficácia do paciente e encorajá-lo a buscar
outras atividades que lhe deem prazer.
Programação de atividades com previsão de prazer
e habilidade
A
dupla escrevem na planilha de automonitoramento algumas atividades que o
paciente irá executar durante a semana e, ao lado de cada atividade, atribuem
uma nota de 0 a 10 para prazer (P) e habilidades (H).
Prescrição de Tarefas Graduais
Os
comportamentos que produzem prazer frequentemente são escolhidos de uma lista
de recompensas que a dupla terapêutica constrói conjuntamente. O paciente
elenca comportamentos que costumava ter, coisas que gostava de fazer, antes de
ficar “doente” e, a partir daí será construída a lista de recompensas.
Solução de Problemas
“Tornar
disponível uma variedade de respostas efetivas para lidar com uma situação
problemática, aumentando a possibilidade de o paciente aumentar a resposta mais
efetiva disponível.” (Knapp, p. 156, 2004)
Treinamento de Assertividade
Instruções
de como fazer afirmações e solicitações legítimas. Aprender a escutar e
interessar-se pelos outros, a elogiar e a gratificar. O treinamento faz parte
do aprendizado de habilidades sociais.
Treinamento do Comunicação
Treinamento
de como falar de forma clara e objetiva, comunicando o que espera dos outros.
Treinamento de Escuta Ativa
Instrução
para escutar, perguntar, refrasear, empatizar e validar.
Outras Técnicas Comportamentais
· Alvos Comportamentais – o terapeuta ajuda o paciente a identificar possíveis comportamentos
específicos que deseja modificar a curto, médio e longo prazos.
· Modelagem – o
terapeuta modela a resposta/comportamento desejado.
· Ensaio Comportamental – o paciente dramatiza o comportamento que planeja conduzir fora da
terapia.
· Exposição com
prevenção da resposta – confrontar uma situação ou estímulo temido.
· Hierarquia resposta/estímulo – uma
lista de situações ou respostas das mais temidas até as menos temidas, para
serem usadas em exposição.
· Auto-recompensa- usar auto-elogio,
gratificações e reforços concretos para incrementar comportamentos desejáveis.
· Treinamento de relaxamento – relaxar
diferentes grupos musculares em sequência.
Graciela, parabéns pelo texto e obrigada por compartilhar!!! Abçs
ResponderExcluirMuito obrigado pelo texto.
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