sábado, 12 de janeiro de 2013

O SISTEMA NERVOSO





A comunicação entre os neurônios forma o principal sistema de informação do nosso corpo, o sistema nervoso. O cérebro e a medula espinhal formam o sistema nervoso central (SNC). O sistema nervoso periférico (SNP) liga o sistema nervoso central aos receptores sensoriais, aos músculos e às glândulas do corpo. Os axônios sensoriais e motores que levam essa informação do sistema nervoso periférico são agrupados em feixes nos cabos elétricos que conhecemos como nervos. O nervo óptico, por exemplo, agrupa em feixe aproximadamente um milhão de fibras de axônio em um único cabo que conduz a informação que cada olho envia para o cérebro. A informação percorre o sistema nervoso por meio de três tipos de neurônios. Os neurônios sensoriais enviam informação dos tecidos e órgãos sensoriais do corpo para o interior do cérebro e da medula espinhal, que processam a informação. Esse processamento envolve um segundo tipo de neurônios, os próprios interneurônios do sistema nervoso central, que possibilitam sua comunicação interna. O sistema nervoso central depois envia instruções para fora dos tecidos do corpo através dos neurônios motores. Nossa complexidade,  portanto, reside principalmente em nossos sistemas de interneurônios. Nosso sistema nervoso tem alguns milhões de neurônios sensoriais, alguns milhões de neurônios motores, mas bilhões e bilhões de interneurônios.

O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Nosso sistema nervoso periférico tem dois componentes – o somático e o autônomo. O sistema nervoso somático controla os movimentos dos nossos músculos esqueléticos. Quando você chegar ao final desta página, o sistema nervoso somático reportará ao seu cérebro o estado atual de seus músculos esqueléticos e levará instruções de volta, acionando sua mão para virar a página.
Nosso sistema nervoso autônomo controla as glândulas e os músculos de nossos órgãos internos. Tal como um piloto automático, ele pode, às vezes, ser operado conscientemente. Mas em geral trabalha por conta própria para influenciar nosso funcionamento interno, inclusive nossa frequência cardíaca, a digestão e a atividade glandular. (Autônomo significa "auto-regulado"). O sistema nervoso autônomo é um sistema dual. O sistema nervoso simpático nos estimula para a ação defensiva. Se algo assustar ou irritar você, o sistema simpático irá acelerar seus batimentos cardíacos, diminuir o ritmo da digestão, aumentar o açúcar em seu sangue, dilatar as artérias e refrescar você com a transpiração, tornando-o alerta e pronto para agir. Quando o estresse ceder, o sistema nervoso parassimpático irá provocar efeitos opostos. Conservará a energia enquanto acalma você, reduzindo seus batimentos cardíacos, diminuindo o açúcar no sangue e assim por diante. Em situações comuns, os sistemas nervosos simpático e paras simpático trabalham juntos para nos manter em estado de equilíbrio interno.

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Da simplicidade de neurônios "conversando" com outros neurônios surge a complexidade do sistema nervoso central que possibilita nossas características e atributos humanos - o penar, o sentir e o agir. Dezenas de bilhões de neurônios, cada qual em comunicação com milhares de outros, produzem um diagrama de rede elétrica sempre em mutação que faz parecer pequeno um computador de grande porte. Um dos maiores mistérios ainda não esclarecidos é como esse maquinário neural se organiza em circuitos complexos capazes de aprender, sentir e pensar.

A MEDULA ESPINHAL E O CÉREBRO

A medula espinhal é uma "estrada" de informação que conecta o sistema nervoso periférico ao cérebro. Tratos neurais ascendentes transmitem informações sensoriais para cima e tratos descendentes enviam de volta informações de controle motor. As vias neurais que regem nossos reflexos, nossas reações automáticas a estímulos, ilustram o trabalho da medula espinhal.
Um desses caminhos possibilita o reflexo da dor. Quando seus dedos tocam uma chama, a atividade neural excitada pelo calor percorre os neurônios sensoriais até os interneurônios em sua medula espinhal. Esses interneurônios respondem ativando neurônios motores para os músculos em seu braço. É por isso que parece que sua mão se afastou bruscamente por ela mesma, e não por vontade sua. Como o trajeto do reflexo simples de dor corre pela medula espinhal e sai, sua mão se afasta da chama da vela antes que seu cérebro receba e reaja à informação que faz você sentir dor. A informação entra e sai do cérebro por meio da medula espinhal. Se o topo de sua medula espinhal estivesse cortado, você não sentiria tal dor. Nem sentiria prazer. Seu cérebro estaria literalmente fora de contato com seu corpo. Você perderia todas as sensações e movimentos voluntários nas regiões do corpo cujos neurônios sensoriais e motores se conectam com a medula espinhal abaixo do ponto da lesão. Os homens que apresentam paralisia da cintura para baixo geralmente são capazes de ter ereção (um simples reflexo) se seus genitais forem estimulados. Mulheres igualmente paralíticas respondem com lubrificação vaginal. Mas, dependendo do local e da extensão em que a medula espinhal estiver rompida, ambos podem ser genitalmente não-responsivos a imagens
eróticas e não ter sensação genital (Kennedy e Over, 1990; Sipski e Alexander, 1999). Para provocar dor ou prazer corporal, a informação sensorial deve alcançar o cérebro.

O CÉREBRO

Em uma prateleira do departamento de psicologia da Cornell University repousa bem preservado, em um frasco de vidro, o cérebro de Edward Bradford Titchener, grande psicólogo do início do século XX que propôs o estudo da consciência. Imagine-se olhando fixamente para aquela massa enrugada de tecido acinzentado: de algum modo Titchener ainda está ali?
Você pode responder que, sem a manutenção da atividade  eletroquímica, não poderia haver nada de Titchener em seu cérebro conservado. Pense então em um experimento com o qual o curioso Titchener poderia ele mesmo ter sonhado. Imagine que, momentos antes de sua morte, alguém retirasse o cérebro de Titchener do corpo e o mantivesse vivo injetando nele sangue enriquecido enquanto flutuasse em um tanque de líquido cerebral. Titchener ainda estaria ali? Depois imagine, para levar nossa fantasia ao limite, que alguém transplantasse o cérebro ainda vivo para o corpo de uma pessoa com grave lesão cerebral. Para qual das moradas o paciente recuperado deveria
voltar?
O fato de que possamos imaginar tais questões ilustra quanto estamos convencidos de que somos o que vivemos em nossa mente. E por um bom motivo: o cérebro capacita a mente a ver, ouvir, lembrar, pensar, sentir, falar, sonhar. Na verdade, dizem os neurocientistas, a mente é o que o cérebro jaz.







Fonte:
Explorando a Psicologia -  David G. Myers.

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