Princípios
Fundamentais da Terapia Cognitiva
(RESUMO)
PAULO KANPP
Todas as TCCs derivam de um modelo cognitivo prototípico e
compartilham alguns pressupostos básicos:
1.
A
atividade cognitiva influencia o comportamento.
2.
A
atividade cognitiva pode ser monitorada.
3.
O
comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.
O material trazido à consulta não é interpretado pelo
terapeuta, mas sim elaborado conjuntamente com o paciente a fim de identificar,
examinar e corrigir as distorções do pensamento que causam sofrimento emocional
aos indivíduos. O foco da TC está em corrigir padrões de pensamentos
inconscientes e conscientes.
A abordagem beckiana, originalmente desenvolvida para o
tratamento da depressão unipolar, é aplicada hoje também em transtornos de
ansiedade, de personalidade, alimentares, transtorno bipolar, dependência
química, terapia de casais e família, crianças e adolescentes, entre outros.
Princípios Teóricos
Um evento comum de nosso cotidiano pode gerar diferentes
formas de sentir e agir → interrelação emoção, cognição e comportamento.
Mas não é o evento em si que gera as emoções e os comportamentos,
mas sim o que pensamos sobre os eventos. Nós sentimos o que pensamos.
As distorções cognitivas são bastante prevalentes em
diferentes transtornos, já que são vieses sistemáticos de como o indivíduo
interpreta suas experiências, podendo levar o sujeito a conclusões equivocadas,
mesmo quando sua percepção está acurada.
A TC não é linear, há uma interação recíproca de pensamentos,
sentimentos, comportamentos, fisiologia e ambiente.
A TC inicia com avaliação e modificação dos pensamentos,
porque a alteração destes pode gerar um impacto em todos os outros componentes;
porém há situações como na depressão severa, em que a primeira abordagem é a
ativação comportamental, ficando o trabalho cognitivo para mais adiante no
processo terapêutico.
Processamento de
informações: transformação, através de regras, das
representações mentais. O pensamento do indivíduo torna-se não só mais
distorcido, como também, mais rígido, suas crenças fundamentais mais
inflexíveis. O trabalho da TC não é só identificar e transformar os pensamentos
mas torná-los mais flexíveis.
O interjogo de vários fatores – genéticos, ambientais,
culturais, físicos, familiares, de desenvolvimento e personalidade – predispõe
o indivíduo à vulnerabilidade cognitiva.
Beck e colaboradores descreveram dois tipos de personalidade:
sociotrópicos e autônomos. O primeiro valoriza relações interpessoais íntimas e
é dependente de gratificações sociais, com ênfase em ser aceito e amado pelos
outros, o segundo caracteriza-se pela
personalidade autônoma, independência pessoal, obtém satisfação na liberdade de
escolha, conquistas e aquisição pessoal.
O indivíduo saudável seria uma combinação equilibrada dos dois
tipos.
Estrutura
organizacional do pensamento
·
Pensamentos
automáticos
·
Crenças
subjacentes
·
Crenças
nucleares
Crenças nucleares são nossas ideias e
conceitos mais enraizados e fundamentais acerca de nós mesmos, das pessoas e do
mundo, vão se construindo e formando desde as primeiras experiências de
aprendizado e se firmando ao longo da
vida, moldando a percepção e a interpretação dos eventos, nosso jeito
psicológico de ser.
No caso de crenças nucleares
disfuncionais, sem ações corretivas, estas irão se cristalizar como verdades
absolutas e imutáveis.
Judith Beck propôs 3 grupos de
crenças nucleares disfuncionais;
·
C.
Nuclear de desamparo
·
C.Nuclear
de desamor
·
C.Nuclear
de desvalor
·
Os indivíduos também têm crenças
nucleares disfuncionais acerca dos outros.
Esquemas
Estruturas internas de relativa
durabilidade que armazenam aspectos genéricos ou prototípicos de estímulos,
ideias ou experiências, e também organizam informações novas para que tenham
significado, determinando como os fenômenos são percebidos e conceitualizados.
Esquemas são estruturas cognitivas
com conteúdos – as crenças.
Esquemas primitivos mal adaptativos –
padrão de cognições, memórias e emoções desenvolvido ao longo da vida
disfuncional em grau significativo.
Os esquemas mal adaptativos
perpetuam-se de 3 formas:
1. Manutenção do esquema
2. Evitação do esquema
3. Compensação do esquema
Pressupostos subjacentes
Construções cognitivas disfuncionais
subjacentes aos pensamentos automáticos. Também chamados de crenças
intermediárias, são regras, normas padrões que adotamos e que guiam nossa
conduta.
As regras são usualmente expressas na
forma de: “tenho que”, “devo”.
“Tenho que ser perfeito em tudo que
faço.”
O que acaba reforçando crenças
nucleares disfuncionais.
Os pressupostos condicionais modelam
a relação entre as estratégias comportamentais e as crenças nucleares.
Pensamentos automáticos
Pensamentos que nos ocorrem a todo o momento
ao longo do dia, a maioria nem é percebida. Acontece de forma rápida automática
e involuntária. Pensamentos distorcidos ou disfuncionais tem papel importante
na psicopatologia porque moldam tanto s emoções como as ações do indivíduo.
São
avaliações genéricas sobre si mesmo, sobre o outro e sobre a relação com o
mundo que o cerca. Na maioria das vezes, tais crenças não são conhecidas e
claras para o indivíduo (são inconsciente), mas, sob determinadas
circunstâncias, influenciam a percepção sobre as coisas e é expressa como
pensamento automático, específico a uma situação. Os pensamentos automáticos derivam de
um "erro" cognitivo e
têm íntima relação com as crenças.
Características dos
pensamentos automáticos
Princípios
práticos
Embora a TC seja fortemente identificada com
intervenções desenhadas para modificar pensamentos, essa é apenas uma de muitas formas de intervenção.
Temos que considerar que os padrões de
comportamento também retroalimentam a disfunção
emocional e cognitiva e, portanto, também precisam ser trabalhados. Pensamentos
automáticos, pressupostos subjacentes, crenças nucleares e o impacto do humor
na cognição combinam-se para configurar um ciclo autoperpetuador observável em
todos os transtornos. Como foi dito, um indivíduo pode ter crenças
disfuncionais que o predispõem para a psicopatologia mesmo sem ter algum efeito
perceptível, até que surge uma situação relevante que ativa essas crenças.
Comumente, o objetivo inicial da TC será quebrar o ciclo que perpetua e amplifica
os problemas do indivíduo. Isso pode ser feito por meio de técnicas para a
modificação dos PA, para a melhora no seu humor, para a eliminação do impacto
da tendenciosidade no humor (trabalhando suas memórias e percepções) ou para a
modificação dos comportamentos do paciente. Uma combinação dessas intervenções
pode quebrar o ciclo que perpetua os problemas e, assim, aliviar os sintomas
mais imediatos do paciente.
Terapia cognitiva
Conceitualização Cognitiva
A conceitualização cognitiva é uma técnica de
compreensão do caso e de adesão ao tratamento por parte do cliente. Conceitualizar
o caso significa traçar um panorama de como o cliente funciona e a partir
disso, propor a forma mais eficaz de intervenção. A aplicação correta desse recurso
psicoterápico pressupõe, além do domínio da técnica, uma base sólida de
conhecimento dos pressupostos e da teoria subjacente. O foco primário são os fatores cognitivo-comportamentais que
mantém as dificuldades emocionais, crenças, traumas, vulnerabilidades, etc. A conceitualização cognitiva é a
habilidade clínica mais importante que o terapeuta cognitivo precisa dominar,
pois, para um planejamento adequado e eficaz da terapia, um bom entendimento
das distorções cognitivas e dos conseqüentes comportamentos mal adaptativos do
paciente é crucial (Persons, 1989). Sem o entendimento cognitivo do paciente, todo
o tratamento será apenas a aplicação de um punhado de técnicas cognitivas e comportamentais
com um resultado pobre, quando não ineficaz (Knapp e Rocha, 2003).
Para uma boa concepção cognitiva do caso, o terapeuta deve
questionar e investigar no seu paciente diversos aspectos. Após mapear esses
primeiros aspectos, o
terapeuta
levanta hipóteses sobre como o paciente desenvolveu o transtorno que o motivou
a buscar tratamento.
Nesse
processo continuado de conceitualização, no início do tratamento o terapeuta
dirige mais a tarefa, enquanto o paciente ainda está aprendendo a se perceber
cognitivamente. Mais adiante, quando novos dados importantes vão sendo
descobertos e a concepção cognitiva vai se refinando, então o paciente tem
participação fundamental.
Quaisquer
possíveis erros do terapeuta, em qualquer ponto de todo o processo terapêutico,
podem e devem ser sempre admitidos abertamente, o que só ajudará a reforçar a
relação terapêutica. A solicitação periódica de feedback do paciente como
rotina no tratamento facilita que estas avaliações críticas e necessárias correções
de rumo sejam efetuadas o mais precocemente possível.
A
configuração afetivo-cognitivo-cornportamental do paciente pode ser resumida no
Diagrama de Conceitualização Cognitiva, segundo o modelo de judith Beck (1995)
e Leahy (1996).
Diagrama de Conceitualização
Cognitiva
Modelos terapêuticos
A
TC não é uma abordagem eclética. Alguns princípios são fundamentais, como os
seguintes:
Empirismo colaborativo
Paciente e terapeuta trabalham junto, em equipe.
Principais objetivos:
- Trabalhar conjuntamente, como uma
equipe investigativa
- Promover variáveis essenciais e
"não-específicas" do terapeuta (p.ex., empatia, gentileza, genuinidade,
atitude otimista)
- Ajustar nível de atividade
terapêutica consoante a gravidade da doença e fase do tratamento
- Adaptar individualmente as
intervenções terapêuticas - Estimular no paciente o automonitoramento e a auto-eficácia
- Desenvolver estratégias para lidar
com perdas e déficits reais
- Reconhecer e manejar a
transferência e contratransferência
- Solicitar e oferecer feedback
regularmente
- Utilizar humor gentil
Descoberta guiada e questionamento socrático
Na TC, o terapeuta não
provê as soluções nem persuade o paciente da incorreção dos pensamentos. Ao
invés de confrontar diretamente o paciente para desfazer as cognições distorcidas
(como é usual na TREC de Ellis), na TC o terapeuta vai guiando o paciente para
a descoberta. Por meio de simples questionamentos - como era o método de ensino
do filósofo Sócrates -, o terapeuta vai orientando o paciente de forma que ele
entenda seu problema, explore possíveis soluções e desenvolva um plano para
lidar com as dificuldades. Beck e colaboradores (1979) afirmam: "A maior premissa
na TC é conversar sobre os dados objetivos, e não convencer o paciente através da
força dos argumentos".
Lista de problemas e metas do tratamento
Listar cada um dos
problemas que o paciente espera superar e as mudanças positivas que quer fazer
prosperar. Problemas podem ser vistos como desafios. A lista de problemas deve
ser a mais objetiva e clara possível. Grandes problemas devem ser divididos em
partes menores. Cada um deles precisa ser explicitado de forma específica, de
tal maneira que objetivos vagos e abstratos, como "Quero ser feliz com a minha
mulher", sejam detalhados objetivamente até que o paciente possa formular
um plano concreto do que significa "ser feliz" para ele. Uma lista
bem objetiva de problemas torna muito mais fácil a' seleção de intervenções mais
adequadas e permite, também, que se possa monitorar, a qualquer momento, os
progressos do tratamento. Uma vez que as metas estejam claras. A priorização das metas deve levar em
consideração vários fatores, entre os quais as preferências do paciente sobre
que problemas trabalhar primeiro.
Familiarização com o modelo cognitivo
Uma das primeiras
intervenções usadas na TC é ensinar o paciente a identificar os pensamentos automáticos
que ocorrem em situações problemáticas. Embora a apresentação do modelo
cognitivo possa ser feita como uma explicação didática ao paciente, geralmente
é mais fácil e mais eficaz usar a descoberta guiada e basear a explicação dos
pensamentos, sentimentos, comportamentos e suas correlações em uma situação
vivenciada pelo paciente.
Quando é necessária uma
explanação mais didática, a melhor opção é usar exemplos de situações presenciadas
pelo terapeuta durante a sessão.
O trabalho psicoeducativo também pode ser
feito por meio do Modelo ABC, de Ellis (1962), do Registro de Pensamentos Disfuncionais
de Beck (Beck et aI., 1979; J. Beck, 1995) ou mesmo do Registro de Pensamentos
de Greenberger e Padesky (1995).
Avaliar
criticamente as distorções cognitivas
O próximo passo leva, naturalmente, à
idéia de corrigir os PAs as crenças e construir pensamentos alternativos mais
funcionais. Normalmente, as distorções cognitivas têm intersecções e
sobreposições, por isso o indivíduo provavelmente irá apresentar,
concomitantemente, mais de uma distorção numa mesma situação.
1.Catastrofização
- Pensar que o pior de uma situação irá acontecer, sem levar em consideração a
possibilidade de outros desfechos. Eventos negativos que podem ocorrer são
tratados como catástrofes intoleráveis, em vez de serem vistos em perspectiva.
Ex:
Perder o emprego será o fim da minha carreira
2. Raciocínio emocional (emocionalização) –
Presumir que sentimentos são fatos. Pensar que algo é verdadeiro porque tem um
muito forte a respeito.
Ex:Sinto-me
desesperado, portanto, a situação deve ser desesperadora.
3. Polarização (pensamento tudo-ou-nada,
dicotômico)
- Ver a situação em duas categorias apenas, mutuamente
exclusivas, em vez de um continuum.
Ex: Devo
sempre tirar a nota máxima, ou serei um fracasso
4. Abstração
seletiva (visão em túnel. filtro mental. filtro negativo) - Um aspecto de uma
situação complexa é o foco da atenção, enquanto outros aspectos relevantes da
situação são ignorados.
5.
Adivinhação - Prever o futuro. Antecipar problemas que talvez não venham a
existir. Expectativas negativas estabelecidas como fatos.
6.
Leitura mental - Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão
pensando, desconsiderando outras hipóteses possíveis.
7.
Rotulação- Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo, numa pessoa ou situação.
8.
Desqualificação do positivo - Experiências positivas e qualidades que conflitam
com a visão negativa são desvalorizadas porque "não contam" ou são
triviais.
Ex: O
sucesso obtido naquela tarefa não importa, porque foi fácil
9.
Minimização e maximização – Características e experiências positivas em si
mesmo, no outro ou nas situações são minimizadas, enquanto o negativo é
maximizado.
Ex: Eu
tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem.
10. Personalização
- Assumir a culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, falhando em
ver que outras pessoas e fatores também estão envolvidos nos acontecimentos.
Ex: O chefe
estava com a cara amarrada, devo ter feito algo errado. É minha culpa.
11. Hipergeneralização
- Perceber num evento específico um padrão universal. Uma característica específica
numa situação específica é avaliada como acontecendo em todas as situações.
Ex: Eu
sempre estrago tudo. Eu não me dou bem com mulheres.
12.
Imperativos ("deveria" e "tenho-que") – Interpretar eventos
em termos de como as coisas deveriam ser, em vez de simplesmente considerar como
as coisas são. Afirmações absolutistas na tentativa de prover motivação ou
modificar um comportamento
13.
Vitimização - Considerar-se injustlçado ou não entendido
14.
Questionalização (E se?) – Focar o evento naquilo que poderia ter sido e não
foi.
Ex: Se
eu tivesse aceitado o emprego estaria melhor agora.
Após aprender a modificar os
pensamentos na sessão, o paciente começa a desenvolver e incrementar a
habilidade de automonitoramento entre as sessões por meio dos exercícios e
de outras tarefas prescritas. Uma planilha de atividades ou Registro de
Pensamentos Disfuncionais (RPD, Beck ET aI., 1979) são algumas das possíveis
técnicas de automonitoramento.
Exercícios, experimentos e tarefas
Durante
todo o curso do tratamento, o paciente exercita seus aprendizados nas, sessões
e, principalmente, entre as sessões, na vida real. É evidente que se o paciente
põe em prática o que foi trabalhado na terapia, ele atinge resultados melhores e
mais rápidos do que se esperasse para trabalhar apenas durante as sessões. Além
disso, no curso da sua vida o paciente está em melhor posição para coletar
dados e testar os efeitos de mudanças na cognição e no comportamento, o que
seria mais difícil nas sessões.
Só se aprende a fazer
fazendo. A maior parte das tarefas objetiva o aprendizado das estratégias e
habilidades necessárias para o enfrentamento das situações disfuncionais.
Prevenção da recaída
Na fase final de
tratamento, a TC trabalha explicitamente na preparação do paciente para
possíveis problemas. Esse trabalho, com base na pesquisa em prevenção da
recaída de Marlatt e Gordon (1985). consiste em ajudar o paciente a tornar-se
ciente de situações de risco, a identificar sinais prodrômicos de recaída e a
desenvolver planos explícitos para lidar com as situações de risco. O paciente deve adotar a visão mais realista
de que todos encontramos problemas de tempos em tempos, pois a TC equipou-o com
as habilidades necessárias para lidar eficazmente com os problemas, mas que isso
não significa imunidade.
Término do tratamento
A decisão de dar por encerrado o
tratamento é tomada quando o paciente atingiu seus objetivos da lista de
problemas montada colaborativamente no início da terapia, tendo sido verificado
o seu progresso em diversas situações de vida e por tempo suficiente. Feito o trabalho
de prevenção da recaída, a dupla terapêutica decide ir diminuindo o número de sessões
da periodicidade semanal para bimensal, depois mensal, e assim por diante. Se o
paciente desejar, pode retomar ocasionalmente para sessões de reforço. E, em
qualquer momento, pode voltar ao tratamento para mais um conjunto de sessões, a
fim de abordar novas questões e aprofundar seu entendimento
ccgnitivo-cornportamental.
A estrutura da sessão
1. Revisão do humor, revisão da
semana
2. Ponte com a última sessão
3. Revisão das tarefas
4. Fazer a agenda
5. Trabalhar itens da agenda
6. Resumos periódicos e resumo final
7. Feedback da sessão
Na prática clínica
diária, pode-se registrar as evoluções do paciente fazendo uma rápida revisão do humor, atribuindo uma nota
em cada dia de sessão, com a pergunta: "De O a 10, sendo O o equivalente a
nenhuma depressão (ou ansiedade) e 10 muita depressão (ou ansiedade), qual nota
você dá para o seu humor hoje?" Também a simples pergunta "Em relação
à semana passada, você está se sentindo: melhor, pior ou na mesma?", ou
apenas "Como você está se sentindo esta semana?", já dará alguma
estimativa da evolução do estado de humor do paciente.
Cada sessão está
associada e interligada com as outras, dando um sentido de continuidade ao trabalho."
A revisão da tarefa permite a confirmação de que a direção e a marcha do trabalho
terapêutico estão adequadas, ou de que, ao contrário, ainda se faz necessário incrementar
as habilidades e auto-eficácia do paciente. Uma tarefa que não deu o resultado esperado
é uma excelente fonte de informações.
Uma agenda de comum acordo, no entanto, não previne que o paciente
tente adotar mecanismos de resistência ao trabalho terapêutico, como fazer
digressões inúteis e despropositadas ao objetivo do tratamento e ao foco da
sessão.
Importante na sessão, o
paciente é estimulado a fazer um resumo
do que foi trabalhado, sendo ajudado eventualmente pelo terapeuta. Os resumos
têm o intuito de entender o que foi descoberto e fortalecer a memória do que
foi aprendido.
Ao solicitar regularmente
o feedback do paciente, de como foi
para ele a sessão, o terapeuta aumenta as chances de identificar algum problema
em curso na relação terapêutica. O feedback não deve ser obtido apenas ao final
da sessão, mas a qualquer momento da mesma. Além disso, regularmente deve-se
obter o feedback de como está o tratamento, o que o paciente está sentindo e
pensando acerca do processo e do progresso terapêutico.
MITOS E CONCEPÇÕES EQUIVOCADAS SOBRE A TERAPIA COGNITIVA
MITO VERDADE
A Terapia Cognitiva é baseada no "poder do pensamento
positivo
|
A TC é baseada no poder
do pensamento realista
|
A teoria
cognitiva de psicopatologia propõe que os pensamentos negativos distorcidos
causam a psicopatologia
|
Os desequilíbrios bioquímicos, os
eventos de vida, as relações interpessoais e as cognições são elementos que interagem conjugadamente,
formando a psicopatologia.
|
A Terapia Cognitiva é simples e
apenas utiliza
o senso comum.
|
As pessoas são complexas, e intervenções efetivas
podem ser bem complicadas, apesar
da relativa simplicidade da teoria.
|
A TC convence as pessoas a sair dos seus problemas.
|
ATC.não comunga do estilo
argumentativo
utilizado no modelo de Albert Ellis
(TREC).
em que as crenças irracionais dos
pacientes
são debatidas e contestadas. O
terapeuta guia o paciente para que ele próprio faça suas descobertas.
|
A TC ignora as
emoções
|
A cognição é o alvo principal e
o sucesso medido pela melhora das emoções e comportamento
|
A meta da TC é eliminar as emoções
|
A meta da TC é ajustar a emoção à
situação
e ajudar o paciente a ser capaz de lidar
adaptativamente com a emoção.
|
A TC é a aplicação de uma variedade
de técnicas.
|
A terapia cognitiva desenvolveu uma ampla
variedade de técnicas específicas e também emprestou-as livremente de outras
terapias.
|
A terapia cognitiva ignora o passado
e se interessa. apenas pelo presente.
|
É mais adequado dizer que a TC presta
atenção no passado tanto quanto necessário.
|
A TC é superficial.
|
A TC pode trabalhar mais na superficie ou mais
profundamente, dependendo dos objetivos do indivíduo e dos problemas a serem
tratados, e o paciente é quem toma a decisão final sobre o grau de mudança
que quer atingir.
|
A relação terapêutica não é
importante na TC.
|
Uma boa relação terapêutica é essencial
para o trabalho colaborativo na TC, sem ela o tratamento não acontece. Embora
a relação transferencial não seja estimulada como em outras abordagens, a relação
interpessoal da dupla rerapêuti ca (com a presença de transferência e
contratransferência) é usada como um poderoso instrumento de identificação e
resolução de problemas interpessoais do paciente.
|
A TC tem um limite de 12 a 25 sessões
ou menos.
|
A TC tende a obter resultados terapêuticos
relativamente rápidos, mas a duração do tratamento depende da natureza dos
problemas do paciente (traços e transtornos da personalidade, por exemplo) e
seu nível de motivação para aprofundar o entendimento de suas questões. A TC
pode variar de algumas sessões até vários anos.
|
Fazer TC significa não usar medicação
|
A TC é totalmente compatível com o
uso de psicofármacos. Em algumas situações, o paciente só estará disponível
para um tratamento cognitivo quando estiver compensado bioquimicamente (via
medicação), em especial nas depressões graves, no transtorno bipolar, em
psicoses e mesmo nos transtornos de ansiedade mais debilitantes.
|
A TC é apropriada apenas para pessoas
articuladas, com boa capacidade intelectual.
|
que A TC é efetiva para pacientes com diferentes
níveis de escolaridade, renda e cultura". A TC precisa ser desenhada
para as necessidades das pessoas, e não estas serem encaixadas no modelo. Com
pessoas não-alfabetizadas, com dificuldades de raciocínio abstrato e mesmo com
disfunções cognitivas, a TC trabalha menos
com intervenções puramente verbais e mais com intervenções comportamentais para
atingir as mudanças desejadas.
|
A TC não é eficaz em pacientes com
transtornos mentais graves.
|
A TC pode ser usada de forma eficaz
para pacientes com transtornos mentais graves, mesmo hospitalizados. O maior
interesse de Aaron Beck, no momento, é estudar o modelo cognitivo e a
eficácia de intervenções cognitivas em pacientes psicóticos
|
Muiito Obrigada, Graciela - esta postagem me foi muito útil - estudo psicologia no Dom Bosco de Americana - esta semana tenho prova destes tópicos... Boa Semana para vc. abçs Lucia
ResponderExcluirDe nada. Fiquei feliz com o feedback. A ideia do blog é essa mesma. Quando o fiz foi pensando em meus colegas de faculdade. Pretendo que seja mais um local de pesquisa com textos claros e resumidos.
ExcluirBoa sorte na prova.