quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A importância do vínculo materno e suas conseqüências



A importância do vínculo materno e suas conseqüências no desenvolvimento da criança e as relações objetais.


O bebê não nasce com percepções perfeitas; estas desenvolvem-se (...) com a experiência e a crescente maturidade.
Ao nascer, a criança é um organismo que reúne aspectos congênitos e tendências, não possuindo consciência ou percepção consciente, somente recebendo estímulos biológicos e psíquicos. Cada criança apresenta um equipamento congênito diferente, formado a partir de componentes hereditários, influências da vida intra-uterina e experiências a partir do parto. Dentro dessa totalidade, primeiramente indiferenciada, é que irão se desenvolver as funções e estruturas psíquicas, e as pulsões instintivas, diferenciadas progressivamente.

Ao primeiro ano de vida, a sobrevivência da criança dependerá da elaboração de elementos para sua adaptação ao meio, sendo que, sozinha, ela é incapaz de sobreviver. Assim, a satisfação de suas necessidades deve ser realizada pela mãe ou substituto adequado, através de uma relação de complementação mútua, até que a criança se torne menos dependente do meio, somática e psicologicamente.

Sob o ponto de vista psíquico a criança recém-nascida (RN) ainda não diferencia seu contingente anatômico do meio físico, fazendo com que seu desenvolvimento psicológico seja essencialmente dependente das relações sociais (objetais) que irá estabelecer, a partir das quais esta diferenciação terá início, assegurando a sobrevivência da criança e contribuindo para seu desenvolvimento psíquico, somático, e para a formação de sua personalidade.
Este processo ocorre através dos mecanismos de maturação (desdobramento das funções inatas da espécie humana, tendo início desde o período embrionário) e desenvolvimento (construção de funções e comportamentos resultantes da interrelação da criança consigo mesma e com o meio externo). Assim, no RN ainda não há ego, simbolismo ou mecanismos psíquicos de defesa, podendo-se encontrar somente traços fisiológicos que mais tarde permitirão à psique desenvolver-se.


Sabe-se também que, ao nascer, a criança passa por várias etapas de desenvolvimento motor, psíquico e social, sendo que inicialmente a presença da mãe é o agente externo estimulante para as suas respostas, determinadas conforme os afetos e comportamentos maternos. É justamente essa relação entre mãe e filho que se constituirá na primeira relação objetal da criança, onde um vínculo inicialmente fisiológico transforma-se gradualmente na primeira relação social humana, passando de uma interação parasítica intra-uterina a uma simbiose psicológica, durante o primeiro ano de vida, culminando posteriormente nas interações sociais.

O objeto libidinal da criança, ou seja, aquele que torna possível a satisfação de suas pulsões instintuais, muda constantemente, de acordo com a maturação e diferenciação dessas pulsões. Assim, no RN, as relações objetais constituem-se a partir de um sujeito (o próprio RN) e um objeto (inexistente), pois inicialmente a criança apresenta-se em um estágio pré-objetal, passando posteriormente a um estágio precursor do objeto, e ao estágio do próprio objeto libidinal.

Durante o estágio pré-objetal, a criança apresenta uma barreira que a protege contra estímulos externos, sendo suas sensações basicamente interoceptivas e proprioceptivas. Qualquer estímulo que rompa essa barreira de proteção irá desencadear reações de desprazer na criança (como o choro por exemplo). Após o nascimento, esse comportamento é observado somente quando a criança é submetida a estímulos que ultrapassam seu limiar perceptivo, provocando-lhe desconforto.

Freud citado por Spitz (1996) afirma que, como não há consciência ao nascimento, o que se chama "trauma do nascimento" não deixa lembrança na criança. O que se observa é um breve estado de excitação, com características de desprazer, o que caracteriza o princípio do nirvana (qualquer tensão que ultrapasse o limiar de excitabilidade precisa ser descarregada), a partir do qual as funções psíquicas irão se desenvolver e se consolidar, governadas inicialmente pelo princípio do prazer-desprazer, e posteriormente pelo princípio da realidade.
Já as manifestações de prazer no RN traduzem-se na sua quietude, e não em atitudes que geralmente sugerem prazer (como sorrisos reflexos ou agitação motora), assim como a sua maneira de demonstrar afeto não é tão explícita ou óbvia quanto a de um adulto.
Todos os estímulos que incidem sobre o bebê logo após o nascimento lhe são estranhos ou possuem pouco significado, sendo que as primeiras reações cognitivas vão gradualmente sendo acrescentadas, para formar uma imagem do mundo para a criança. Os traços de memória, porém, são estabelecidos enquanto o processo de percepção ainda está se desenvolvendo.
Alguns fatores que contribuem para a proteção da criança contra os estímulos externos prejudiciais são a barreira de excitabilidade (já citada), a seletividade dos estímulos (capacidade da criança selecionar os estímulos que podem lhe satisfazer) e o meio ambiente, do qual a mãe faz parte, e desempenha o papel de proteger o bebê da sobrecarga de estímulos desagradáveis (temperatura, fome, ruídos, luminosidade, etc.). Assim, a mãe dá assistência ao bebê quanto há descarga de tensão relacionada aos estímulos externos, alimentando-o, trocando-o, cobrindo-o, e modificando suas condições e aliviando tensões desagradáveis.
O RN possui reações inatas, determinadas fisiologicamente, como a realização de seqüências de movimentos reflexos (por exemplo, o segurar, sugar o bico do seio, engolir, e soltá-lo ao final da mamada). Esse tipo de comportamento é desencadeado pelo conjunto de sensações do RN, onde a sensação é centrada no sistema nervoso autônomo, e manifesta-se sob a forma de emoções, onde a recepção do estímulo desencadeia o comportamento, constituindo uma organização cinestésica do comportamento. Outro tipo de organização, que deriva desta, é a organização diacrítica, na qual a recepção ocorre através dos órgãos dos sentidos, e centraliza-se no córtex, desencadeando reações cognitivas e pensamentos conscientes, estando ainda ausente no RN.
É por volta do fim da primeira semana de vida que o bebê começa a responder aos estímulos. Aparecem os primeiros traços de comportamento dirigido para um alvo, isto é, a atividade, presumivelmente associada ao processo psíquico, que parece se estabelecer segundo reflexos condicionados

Por volta da 2a semana de vida, verifica-se um aprendizado relacionado à sensibilidade proprioceptiva, desencadeando reações de equilíbrio e comportamentos cotidianos condicionados, como virar a cabeça para mamar ao ser colocado na posição habitual para amamentação. Ao 2o mês, porém, apesar da evolução desta percepção, os estímulos só são percebidos quando a criança sente necessidade deles, ou seja, o bebê reage somente a estímulos que estejam de acordo com suas percepções interoceptivas, baseando sua interação com o mundo na tensão gerada pelas suas pulsões. Assim, para que o bebê volte sua atenção a um estímulo, é necessário primeiramente que haja uma reação proprioceptiva ou interoceptiva, fazendo com que o bebê sinta necessidade deste, e, em segundo lugar, que o estímulo externo apresentado seja associado com a satisfação de sua necessidade. No 3o mês, o bebê já reage a rostos humanos, talvez por estes estarem associados a satisfação de suas pulsões (prazer ou suspensão do desprazer).

Uma vez não saciado, o bebê é envolvido pela sensação de desprazer (manifestada, por exemplo, pelo choro), e não consegue perceber a presença do objeto de satisfação de sua necessidade, pois há uma tensão que não permite com que o estímulo seja percebido, que ocorre quando o bebê procura descarregar o desprazer (princípio do nirvana). Assim, para que a criança consiga perceber o estímulo, a descarga de desprazer deve cessar, através da intervenção externa. Só então a percepção volta a atuar, e a criança pode tomar conhecimento do objeto de satisfação.
Assim, a relação materno-infantil produz um diálogo que constitui um mundo exclusivo ao bebê, com uma dinâmica e um clima emocional específico, o qual é o "... fator mais importante para tornar a criança capaz de construir gradualmente uma imagem coerente de seu mundo" (Spitz, 1996, p. 32), sendo justamente este ciclo de ação-reação-ação que torna o bebê capaz de transformar os estímulos sem significado em signos significativos.
Analisando-se, todavia, essa relação, observa-se que a estrutura psíquica da mãe é muito diferente da estrutura da criança, fazendo com que a relação ocorra de forma assimétrica, com contribuições desiguais para o relacionamento. 4 Exemplos dessas diferenças são mostrados no Quadro 1.




Função
Mãe
Criança
Estrutura da Personalidade
Organizada - Iniciativas específicas para interação no relacionamento.
Não há iniciativa ou intercâmbio psíquico (somente fisiológico).
Meio Externo
Percepção constituída de fatores diversos e numerosos, formando campos de força mutáveis, que influenciam sobre seus comportamentos.
Meio constituído exclusivamente pela mãe ou substituta que satisfaz suas necessidades, mesmo quando o RN a percebe como parte de sua totalidade.
Quadro 1. Diferenças Psíquicas na Relação Materno-Infantil. 

Diante das características apresentadas, acredita-se que o Terapeuta Ocupacional deve objetivar um trabalho dirigido à mãe e ao meio que a rodeia, o qual influencia em seus comportamentos, em prol do bem estar e do desenvolvimento saudável da criança e de suas relações sociais.

Para isso, portanto, é necessário que se conheça os diversos tipos de comportamento materno que podem influenciar negativamente no desenvolvimento das relações infantis e interação da criança com o meio externo, permitindo ao Terapeuta Ocupacional investigar o padrão da dinâmica e do mecanismo de relacionamento entre mãe e filho, e intervir adequadamente, caso necessário.

Na relação mãe-filho, a mãe é o parceiro ativo e dominante. A criança, pelo menos início, é a receptora passiva.
Para que o bebê possa desenvolver-se psiquicamente de forma saudável, ele precisa ter uma relação suficientemente boa com a mãe, que deve voltar sua atenção e preocupação à criança, sem entretanto apresentar ressentimentos ou sentimentos negativos em relação a ela. A mãe precisa adaptar ativamente a criança ao ambiente, de forma gradual, conforme suas necessidades, modificando seu comportamento de acordo com o crescimento e a maturação da criança, naturalmente.

É a personalidade e o comportamento da mãe que vai levar a criança a se desenvolver normalmente ou não. Assim, alterações na personalidade materna poderão ter repercussões psíquicas significativas na criança, levando-a a uma série de distúrbios, os quais são fundamentalmente derivados de relações insatisfatórias entre mãe e filho, sejam estas inadequadas (alterações qualitativas nas relações) ou insuficientes (alterações quantitativas).

No caso das relações inadequadas, o quadro clínico apresentado pela criança é conseqüente do tipo de comportamento da mãe aliado a fatores congênitos, e irá depender da fase de desenvolvimento do ego e da libido da criança no momento do estabelecimento da relação prejudicial.

Os principais padrões patológicos de comportamento materno são:



Rejeição Primária Manifesta.

Pode ocorrer diante da rejeição da gravidez, e consequentemente da criança, caracterizando uma rejeição da maternidade de um modo geral, cuja origem está na história individual da mãe, como nas relações com seu próprio pai, com o pai da criança, repercussões psíquicas da ansiedade da castração e da maneira pela qual resolveu ou não seus conflitos edipianos.
Pode ser detectada a partir da observação de alguns sintomas maternos, como queixas de "falta de leite", tensão na presença da criança, falta de intimidade com ela, ou queixas dolorosas.
A criança pode apresentar quadros como dispnéia, palidez extrema, diminuição da sensibilidade, ou até mesmo coma, sendo que, muitas vezes, tanto a mãe como a criança precisam receber intervenção externa, como aplicação de condutas médicas e orientações quanto a amamentação e cuidados com o bebê, por exemplo. Quanto tratada a tempo, a rejeição pode provocar seqüelas psicossomáticas muito pequenas.

Superpermissividade Ansiosa Primária.

Pode ser detectada a partir de uma solicitude exagerada da mãe quanto a alimentação da criança, onde, diante de qualquer manifestação de desprazer, a mãe tende a alimentá-la. É frequente em crianças cuidadas por suas próprias mães e familiares, senso rara em crianças que crescem em creches ou longe da família, e pode resultar da tentativa da mãe compensar uma hostilidade inconsciente.

Como conseqüência, a superpermissividade materna apresenta a chamada "cólica dos três meses", onde a partir da 3a semana de vida a criança pode apresentar sintomas de cólica e choro, que cessam temporariamente após a alimentação, e retornam posteriormente, geralmente toda tarde, durando até o 3o mês de vida, quando passam. A cólica dos três meses é um fenômeno fisiológico originado de aspectos psicológicos expressos em comportamentos que a desencadeiam.
O mecanismo pelo qual essa sintomatologia ocorre, consiste na superposição de fatores genéticos, que tendem a provocar um aumento no número de comportamentos de desprazer da criança, e ambientais, onde a amamentação excessiva faz com que o aparelho digestivo aumente sua atividade, e os movimentos peristálticos fiquem mais rápidos. Esta sobrecarga aumenta a tensão da criança, levando-a a um comportamento de desprazer, e constituindo um círculo composto pela descarga da tensão e pelo excesso de alimentação.

A amamentação satisfaz a criança por possuir duas funções essenciais: a alimentação e a descarga de tensão através da atividade oral (fundamental principalmente nas primeiras semanas), levando a diminuição da ansiedade tanto da mãe como da criança.

Ao 3o mês, entretanto, as mães já tendem a reconhecer e interpretar melhor as solicitações da criança, ou já não sentem mais tanta necessidade de oferecer alimentos em todo comportamento sugestivo de desprazer, assim como a criança já desenvolveu mecanismos alternativos para descarregar a tensão, como movimentos ou interações sociais, canalizando suas energias a outras atividades.

Intervenções simples consistem em oferecer a chupeta à criança, através da qual ela deve descarregar a tensão, sem entretanto ingerir o excesso de alimento que provoca as cólicas. Outra alternativa é segurar e embalar a criança, o que proporciona estimulação proprioceptiva através do movimento, do contato corporal e da sensibilidade térmica, levando também ao alívio da tensão.

Assim, deve-se ter cuidado com a amamentação sob livre demanda, que precisa ser orientada com cautela, e por profissionais que compreendam tanto os mecanismos físicos como psíquicos que envolvem a mãe e a criança, a fim de que a primeira não a deturpe em prol do alívio de seus conflitos psicológicos.

Hostilidade Disfarçada em Ansiedade.

Em alguns casos, pode ocorrer uma ansiedade materna em relação ao filho, devido a uma hostilidade reprimida. Como principais sinais maternos, pode-se citar a pouca concentração da mãe em relação aos cuidados com a criança, a qual voltando sua atenção a outras coisas simultaneamente (como conversas paralelas por exemplo), manifestando uma rejeição inconsciente ao toque à criança, preocupação excessiva em não machucar o bebê (fragilidade e vulnerabilidade), personalidade infantil, preocupação exagerada e exposição da criança a riscos desnecessários (por exemplo, vestindo a criança demasiadamente para que ela não fique com frio, a mãe pode acabar sufocando-a).

A dermatite atópica é a principal conseqüência da hostilidade materna disfarçada em ansiedade, constituindo-se numa doença de pele que tem início na segunda metade do primeiro ano de vida, manifestada principalmente em áreas de flexão (dobras da pele), podendo apresentar exudação e descamação, e tendendo a desaparecer na primeira metade do segundo ano de vida.
Os fatores que a determinam são a predisposição genética (vulnerabilidade cutânea, com aumento da sensibilidade ao toque) e influências do ambiente (retardo no desenvolvimento afetivo por um distúrbio nas relações objetais). Observa-se também que estas crianças geralmente não passam pela ansiedade dos 8 meses (ansiedade indicativa do desenvolvimento das relações objetais, onde a criança aprende a diferenciar o conhecido do desconhecido). A criança frequentemente desenvolve atraso na aprendizagem (imitação e memória) e nas relações sociais.

Oscilação entre Mimo e Hostilidade.

Geralmente ocorre em mulheres extrovertidas e positivas, porém de personalidade infantil, e com facilidade para "explodir" conforme suas emoções. Assim, o comportamento da mãe leva a criança a estabelecer uma relação contraditória dos objetos através de representações conflitantes, resultando na libidinização do corpo e de suas partes, e em um distúrbio na formação do objeto, onde a criança pode acabar tornando-se uma válvula de escape da mãe, sendo vítima de explosões intensas de carinho ou de hostilidade e raiva.

A conseqüência é que, na primeira infância, o balanceio torna-se a principal atividade da criança, substituindo a maioria das atividades comuns a essa idade por essa atividade de caráter auto-erótica, que constitui-se numa relação pré-objetal narcisista. Pode-se também observar posteriormente um retardo no desenvolvimento da criança, de sua adaptação social e da capacidade manipulatória (de objetos e brinquedos por exemplo), resultando em prejuízos nas relações com o meio e falta de iniciativa.

Oscilação Cíclica de Humor.
Ocorre em mães que apresentam sintomas clínicos de depressão, e oscilações de humor que variam desde hostilidade e rejeição a superproteção da criança. Um comportamento hostil inconsciente está sempre presente, com ambivalência de sentimentos.

O amor materno excessivo dura geralmente os dois primeiros meses, sendo substituído por uma hostilidade também temporária, de duração média similar, constituindo um círculo oscilatório entre amor e hostilidade.

Esses períodos, entretanto, são suficientes para que a criança estabeleça uma relação com aquele objeto, que repentinamente se transforma em seu contrário, onde a criança forma novas relações objetais, porém não consegue compensar a perda do primeiro.

Como conseqüência, pode-se observar a manipulação e ingestão fecal, que são atividades que envolvem relações objetais concretas, e que indica perpetuação da relação objetal já conseguida, onde a criança tenta incorporar oralmente o objeto perdido. A maioria das crianças apresenta simultaneamente sinais depressivos.


Hostilidade Consciente Compensada.

Consiste numa atitude extremamente bem disfarçada, onde a criança constitui-se num meio de satisfação narcisista e exibicionista, e não num objeto de amor. A atitude porém é consciente, e a mãe busca compensar sua culpa com uma "doçura melosa". É principalmente encontrada em indivíduos de nível intelectual mais elevado.

A criança é geralmente rodeada por muitos brinquedos, para compensar a culpa dos pais, e apresentará uma predisposição à hiperatividade por volta do segundo ano de vida, com comportamento não muito sociável e destrutivo em relação aos brinquedos, desinteressada pelo contato humano, hostil e agressiva.

Quanto às relações insuficientes, estas dividem-se em privação total ou privação parcial do contato da criança com a mãe, onde a criança se vê privada das relações objetais (quando não há um substituto adequado aceito pela criança), levando à carência de provisões libidinais.
Para este trabalho, são válidas algumas considerações sobre a privação parcial, apesar desta dificilmente ser encontrada em um ambiente hospitalar humanizado, como o Hospital de Clínicas Gaspar Viana, acreditando-se serem as privações totais ainda menos frequentes.
Nos casos de privação parcial, a personalidade materna tem ainda menor influência sobre os comportamentos infantis, devido ao pouco convívio entre ambos. Nesses casos, geralmente a criança desenvolve-se normalmente até o sexto mês de vida, podendo demonstrar atitudes que sugerem felicidade e boa sociabilidade. A partir desse período, pode-se observar choro frequente, seguido por retraimento, perda de peso, insônia, inexpressividade facial, dificuldades para alimentar-se, com vômitos, agitação ou estupor, podendo-se caracterizar um quadro de depressão anaclítica.
Todos esses sintomas ocorrem devido a privação materna por um período superior a 5 meses, sem aceitação de um substituto adequado pela criança, ou seja, pela separação da criança de seu objeto libidinal. Entretanto, isto só ocorre caso a criança tenha tido uma boa relação com a mãe antes da separação. Caso contrário, será menos traumática a substituição do objeto relacional da criança.


Referências:
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano. 8ª edição. Artmed. Porto Alegre 2006
SPITZ, René A. O primeiro ano de vida.  2ª  edição. São Paulo. Martins Fontes, 2000.
GESELL, Arnold. A crianças de 0 a 5 anos. 1ª edição. . São Paulo.  Martins Fontes. 1999.

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