quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Obesidade







“Há diversas formas de conceituar e classificar a obesidade. A definição primaria de obesidade pode ser de ‘’acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo” ( NUNES, 1998, apud, VASQUEZ, 2004)
A obesidade é considerada um comprometimento orgânico complexo, de diversas etiologias e de difícil tratamento. Ela se desenvolve ao longo do tempo e está geralmente associada à co-morbidades, nem sempre reversíveis após a
intervenção terapêutica [...] obesidade e sobrepeso constituem um risco maior para o surgimento de doenças crônicas, incluindo diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, derrame e alguns tipos de câncer. (NEGRÃO, 2006)

Como bem observam  Ana Cristina Costa et. al. (2009) a doença de maior ocorrência na obesidade é a hipertensão arterial, devendo o paciente ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar.(COSTA et al. 2009).
Confirmando a gravidade dessa epidemia está o fato de que a obesidade é uma doença complexa com conseqüências sociais e clinicas graves, como a hipertensão arterial, apnéia do sono e até alguns tipos de câncer, que afeta todas as idades e grupos sociais, considerada de difícil tratamento.(COSTA et al. 2009).


Classificação da Obesidade

O índice de massa corpórea (IMC) é um cálculo matemático usado para
determinar se uma pessoa está acima do peso. É calculado com a divisão do peso do corpo em kilogramas pela altura em metros quadrados. Uma pessoa é considerada
obesa se pesar 20% ou mais acima do seu peso ideal ou quando o IMC for maior ou
igual a 30 (Association of PeriOperative Registered Nurses - AORN, 2004).


Quadro 1 - Classificação de peso baseado no Índice de Massa Corpórea (IMC)

Classificação

IMC( Kg/m²)

Magro
<  18.5
Normal
18.5 - 24.9
Sobrepeso
25 - 26.9
Obesidade Leve
27 – 30
Obesidade Moderada
> 30
Obesidade Severa
> 35
Obesidade Mórbida
> 40
Super Obeso
> 50
Fonte: AORN, 2004.

Obesidade Mórbida

Segundo Garrido Junior (2000, apud Negrão, 2006), a obesidade de grandes proporções, também chamada de “Obesidade Mórbida”, é reconhecida como condição grave, que se inclui na esfera cirúrgica, em conseqüência de: piora da qualidade de vida, devido à alta frequência de morbidade associada; redução da expectativa de duração da vida e altíssima probabilidade de fracasso dos tratamentos conservadores (perda de peso insuficiente e recidiva), baseados na utilização de dietas, medicamentos, psicoterapia e exercícios físicos. (NEGRÃO, 2006)
Segundo a autora supra-citada a cirurgia para o tratamento da “obesidade clinicamente severa”, freqüentemente resulta em significante perda de peso, com subseqüente melhora, e, em alguns casos, resolução, em ampla escala, de condições de co-morbidades relacionadas à obesidade.
“A obesidade é uma doença crônica, de prevalência crescente, que, pelos riscos associados, vem sendo considerada como um dos principais problemas de saúde publica da sociedade moderna.” (MAGDALENO Jr. ET Al.,2009)
                 
 “Além dos problemas que afetam diretamente a qualidade de vida do portador, a obesidade acarreta um aumento na incidência de vários outros quadros patológicos.” (MAGDALENO; ET Al.,2009).
Observa-se que, decorrente à cirurgia, mudanças psicológicas marcantes, tais como: uso e abuso de substâncias, comportamento de risco (direção perigosa), envolvimento extraconjugal, dentre outros.
Vasques et al.(2004) Afirmam que “os problemas emocionais são geralmente percebidos como conseqüências da obesidade, embora conflitos e problemas psicológicos possam preceder o desenvolvimento dessa condição.”
Já Leal & Baldin(2007) relatam que “o problema da obesidade ficou evidenciado como parte de uma complexa situação que envolve o estado físico e emocional das pessoas, e sua resolução, por vezes, expõe as dificuldades e limitações psíquicas do paciente.’’ (LEAL; BALDIN,2007)
Wooley(1980), discorre sobre os fatores que motivam o paciente a buscar a cirurgia. “fatores estéticos, não raro, são os maiores motivadores na busca pela cirurgia bariátrica, reforçados por preconceitos de que pacientes obesos são mais frágeis e estigmatizados socialmente. (WOOLEY,1980; apud,op. Cit., pg. 18)
Magdaleno et al. demonstraram que, apesar das agudas modificações físicas e psíquicas que a cirurgia bariátrica impõe, a aceitação social e o sentimento de reencontro com sua identidade que estava encoberta pelo excesso de gordura corporal, rompe o ciclo vicioso baixa autoestima-incremento da ansiedade-impulso alimentar, com sensível melhora da qualidade de vida dos pacientes. (MAGDALENO,2008)
Sendo o ser humano um ser de relação, constituído a partir do meio, toda mudança corresponde a uma reação social. Apesar de ser apontado nas pesquisas feitas sobre o tema, a aceitação social não é garantia de bem-estar psíquico.
Um levantamento feito por Appolinário (APOLINÁRIO,2006 apud MAGDALENO et al.,2008) mostra que “estudos de seguimento pós-operatório de longo prazo de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica ‘’reportam várias condições psiquiátricas como causas de morte no pós operatório, sendo o suicídio, a principal ocorrência’’.
        Contribuindo com esse estudo:
Omalu et al. (apud, Leal, Baldin, 2007) apresentam relatos de casos de suicídio de pacientes previamente depressivos após a realização da cirurgia bariátrica. Esses achados apontam para um desequilíbrio no jogo de forças psíquicas no pós-operatório de tais sujeitos, e que os novos sintomas que surgem são basicamente de caráter autoagressivo. Leal & Baldin apresentam relatos onde o incremento da agressividade é referido pelas pacientes após a cirurgia. 

De acordo com Mahler (1982) & Tustin(1990),do ponto psicodinâmico, a obesidade corresponde a uma estrutura como efeito final de uma com o meio, que parte de problemas em fases precoces do desenvolvimento do ser humano. (MAHLER,1982;TUSTIN,1990)

De acordo com a pesquisa sobre características psicológicas de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, Magdaleno et al.(2008), afirmam que “pacientes depois de operados podem passar por determinadas fases de reestruturação emocional, como uma primeira fase do triunfo, seguida de fase de risco para surgimento de quadros melancólicos e de novas adições.”(MAGDALENO et al.,2008)
“A gordura pode ser vista como sinal de proteção e isolamento e de que, se esta for abruptamente retirada do individuo, poderá trazer-lhe caos e pânico.’’ (KAHTALIAN, 1992. p.273-8, apud; LEAL,Baldin, 2007 )

A psicologia não vê com entusiasmo o súbito emagrecimento promovido pelas técnicas cirúrgicas. A obesidade funciona muitas vezes como um falso self mental e corporal, que protege um verdadeiro self  frágil e mal-estruturado, atribuindo-se a isso a enorme dificuldade de emagrecimento em alguns pacientes. ( MELLO, 1991, apud; LEAL, Baldwin, 2007)
     O uso da obesidade como defesa para enfrentamento de situações de vida ou até mesmo como fuga destas pode ser um complicador e fator gerador de ansiedade.(KATHALIAN,1992.p.273-8 apud LEAL & BALDIN,2007)
Ao passar por esse marco, que é a cirurgia, inicia-se uma fase de intensos desafios, talvez até maiores que antes, pois todo o sistema defensivo era mantido em torno da alimentação e da obesidade fica impedido. O sujeito deve, rapidamente, aprender a lidar com suas angústias através de outros meios. Isso nem sempre é possível, deixando então abertos inúmeros canais patológicos. Pode-se dizer que a obesidade, vivida por todos como um grande problema, é também, no fundo, uma resposta para todos os problemas. (MAGDALENO,Jr; Et AL, 2009)





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