sábado, 15 de dezembro de 2012

A REFORMA PSIQUIÁTRICA


 (Uma breve introdução)
A Desinstitucionalização

Na França do final Séc. XVIII os alienados não poderiam gozar igualmente os direitos de cidadania e nem serem excluídos, afinal estavam vivendo os efeitos da Revolução Francesa. Os asilos se tornaram espaço de cura da razão e de liberdade, condição para tornar-se sujeito de direito.
Estes princípios alienistas foram adotados na maior parte do mundo ocidental.
O asilo tornou-se o maior e mais violento espaço de exclusão, sonegação e mortificação das subjetividades.
Desinstitucionalização significa tratar o sujeito em sua existência, fenomenologicamente, construir possibilidades de cura, da sociabilidade a subjetividade. Deve ser um processo ético que introduz novos sujeitos de direito e novos direitos para os sujeitos. De uma que reconhece o direito a pessoa mentalmente enferma receba um tratamento efetivo, cuidado verdadeiro, terapêutica cidadã, não um cativeiro.
Segundo Franco Basaglia a instituição psiquiátrica é instrumento de segregação, de controle e poder sobre o paciente, haja vista que, este uma vez institucionalizado, perde seus direitos e é obrigado a objetivar-se nas normas da instituição que o determinam, levando-o a um processo de restrição de si.
O doente deve submeter-se às normas hospitalares e fica impossibilitado de expressa-se.
Basaglia postula a institucionalização como um complexo de danos derivados de uma longa permanência coagida no hospital psiquiátrico produzindo no paciente o “duplo da doença” – um desdobramento da mesma, sintomas da hospitalização sobrepostos sobre a doença do paciente, construído em torno do sofrimento deste a partir da negação da subjetividade.
É preciso colocar a doença entre parênteses. Não é negar a doença, nem as patologias e etiologias, mas reformular, epistemologicamente, o entendimento e as bases que sustentam as práticas em relação à loucura.
Segundo Basaglia a psiquiatria está limitada à definição de síndromes e patologias que extraem o doente de sua realidade e contexto social, obriga-o a aderir a doença simbólica e que esse processo não lhe traz benefício algum.
Basaglia questiona o sistema, o campo de ação, sobre o qual ele age, defende a necessidade de novas técnicas, novas produções acadêmicas e novas epistemologias. A invenção e superação de novos contratos sociais, colocar a doença entre parênteses, paa observar o duplo da doença mental, possibilitando elaboraar-se um processo “de invenção de saúde”.
A desinstitucionalização, na visão de Basaglia, é diferente de desospitalizção. Aquela desconstrói o paradigma  problema/solução da doença e sua cura, que não é apenas um problema técnico-científico, mas uma questão técnico, científico, normativo, social, existencial, político.

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