sábado, 15 de dezembro de 2012

Depois de Pinel




Esquirol, sucessor de Pinel, entendeu que as formas de alienação apresentadas por este são diversos gêneros de loucura e, que a demência e a idiotia são distúrbios das funções racionais.
Esquirol desenvolveu o trabalho de Pinel e o espalhou pela Europa de forma fragmentada o método de Pinel ensejaria uma revolução no processo de diagnóstico.
Vários autores, no final do séc. XIX, após o “Traité de Pinel”, escreveram sobre a loucura, descreveram seus sintomas e classificaram-na, cada um com o parecer final, a definição e classificação definitiva em suas várias formas.
Com tantas classificações ocorre uma dificuldade básica: a e distinguir a loucura de outras alterações da vida mental, acabando por englobá-la em todas as formas possíveis de loucura.
A teoria da loucura encontra-se, neste momento, confusa. Após passar pelas teorias organicistas da iatroquímica, pneumática e iatromecânica, busca-se sua etiologia através de diferenças e semelhanças empíricas entre quadros clínicos.
O trabalho de Pinel, em seu tratado, com relação a etiologia e epistemologia das doenças mentais é vago e amplo e também bastante discutível. Mas por outro lado sem método de observação para um diagnóstico derradeiro e definitivo.
A influência científica do Tratado, na verdade, é escassa. Mas sua enorme contribuição está na mudança de atitude metodológica de diagnosticar o paciente, passando-se a usa a observação demorada.
A doutrina de Pinel, moralista e pedagógica por vezes se fez terapêutica e coerente para reinserção do paciente na visa social.
No séc. XIX a medicina torna-se empírica. Com o surgimento da Anatomia reduz-se a racionalidade do conjunto das enfermidades e lesões teciduais que ocorriam no organismo. É possível, neste momento, diferenciar e agrupar entre si, as várias formas de enfermidades, conforme suas alterações no plano anatômico.
Começa a se desenvolver a medicina contemporânea onde não há doença e sim doentes. Não basta conhecer suas enfermidades no quadro nosográfico, mas conhecer o indivíduo.
Para Esquirol bastava a construção de quadros explicativos do que enfrentar os loucos para tratá-los, mas sabia ser necessário o convívio com eles para obter noções das causas, sintomas, crises e formas de suas enfermidades.
Viver com eles para cuidá-los. Pensando nisso fundou em Paris, um pequeno asilo, para poucos pacientes com os quais convivia para poder observá-los e tratá-los.
A psiquiatria destaca 3 formas de tratamento da alienação: a física, a moral e o higiênico.
O físico atuava diretamente sobre o corpo do paciente. Poderia ser medicamentosos ou não. Eram variados : sangrias, purgativos, máquina rotatória de Darwin, etc.
O moral – o meio mais utilizado: conjunto de medidas morais que atuavam de modo direto sobre o espírito do alienado.
O físico e o higiênico convergem para o moral que aparece como ação terapêutica básica da alienação mental.
Os banhos frios e quentes eram considerados tratamentos físicos, entretanto sua ação passava a ser moral na medida em que o banho frio se tornava punição a certas formas de realização de prazeres sexuais não aceitas.
As duchas terapêuticas eram de ordem física. Passavam a ser usadas como punição (tratamento moral) quando o objetivo era submeter o alienado, obrigando-o a mudar suas ideias, normalmente tidas como funestas e perigosas, e aceitar as ordens do médico.
“Tudo o que possa agir sobre o cérebro, direta e indiretamente, e modificar nosso ser pensante, tudo o que possa dominar e dirigir as paixões, será objeto do tratamento moral” (Esquirol, J.E.D. Delafolie. In; op. Cit., p. 119)
O tratamento moral visava submeter o alienado, apoderar-se de seu espírito, era considerado uma luta entre o bem e o mal, uma tática de manipulação entre os indivíduos.


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