quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

QUANDO O SUJEITO ASSOCIA O TRABALHO À DOR


 resenha crítica

Alguns trabalhadores são absorvidos, exigidos, sugados. Esse princípio de realidade invade o psiquismo humano, fazendo com que as pessoas sintam-se exigidas; o sentimento de impotência e de desvalorização, que leva as pessoas pouco resistentes a degenerar-se rapidamente.
 A  partir dos novos modelos de gestão houve uma maior demanda do trabalhador como aumento de ritmo de trabalho e de responsabilidades, polivalência, atividades antes não exercidas. Consequentemente houve, também aumento de exigências físicas e mentais impostas pelo desempenho em seu trabalho.
Essas mudanças geraram situações desgastantes como pressão por parte do empregador, produtividade, qualidade, economia, redução de tempo. Tantas mudanças causa sofrimento e obriga o trabalhador a  adaptar-se, ou seja, tornar-se resiliente na medida do possível, já que cada indivíduo tem um limiar de resistência.

        Heller ressalta que o ser humano não consegue desprender-se de sua “cotidianidade”. Entende-se que é impossível não levar para todos os momentos da vida aquilo que se vive – o ser humano leva consigo e para sua casa os bons e maus acontecimentos. Porém, diferentemente da infância e da adolescência, na vida adulta o ser humano se defronta com um outro tipo de adversidade: viver ou sobreviver à rotina da vida e do trabalho diário que invade sua forma de ser. A vida cotidiana “é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Nela, colocam-se ‘em funcionamento’ todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias, ideologias”, afirma Heller (2004, p.17, apud, Cimbalista 2006).
Nesse contexto, a satisfação e o prazer por meio do trabalho não existem. O indivíduo está sempre passível de ser, sob diversas formas, ameaçado no trabalho, seja pela repercussão de seu desempenho,  seja pelo desemprego.
Deve-se levar em conta melhor compreensão e controle por parte da Psicologia Organizacional as relações  de trabalho: organização – trabalhador – organização do trabalho,  formas de gestão, supervisão, processos e sua influência na forma de trabalhar.
O psicólogo deve receber treinamento em segurança e saúde ocupacional. A psicologia tem a responsabilidade de exercer papel pró-ativo, propondo e desenvolvendo políticas e programas eficazes  para um ambiente de trabalho saudável, estabelecendo mecanismos que que impeçam ou diminuam repercussões negativas na vida do trabalhador.
Algumas empresas já utilizam métodos para aliviar a carga tencional de seus funcionários durante o expediente do trabalho como: ginástica laboral, móveis planejados ergonômicamente para quem trabalha com computadores ou sentados o dia todo, lugar para descanso após o almoço.  Uma  conquista, por lei, empresas com mais de cem empregados são obrigadas a oferecer creche para suas funcionárias que tem filhos pequenos  que ainda não alcançaram idade escolar. Outras já oferecem cursos de qualificação e outras, já possuem “banco de talentos” – um observador dentro da empresa procura por pessoas capacitadas desempenhado papéis abaixo de suas qualificações, para então recolocar, dentro da instituição, esse funcionário, onde desempenhará  outra função que trará melhorias para empresa e valorização para o empregado, aumentando assim sua auto-estima, trazendo ganhos para ambos.
Amenizando as formas de psicopatologização do traballho as empresas estarão empreendendo o modelo de prevenção, saindo do modelo biomédico, diminuindo custos, tanto econômicos quanto operacionais para o empregador, e consequentemente oferecendo maior qualidade nas condições de trabalho para o funcionário.

Pensando dessa forma, voltamos ao princípio de que o trabalho não é só um operador de psicopatologia mas também um operador de saúde e prazer.


  

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