resenha crítica
Alguns trabalhadores são absorvidos, exigidos,
sugados. Esse princípio de realidade invade o psiquismo humano, fazendo com que
as pessoas sintam-se exigidas; o sentimento de impotência e de desvalorização,
que leva as pessoas pouco resistentes a degenerar-se rapidamente.
A partir dos novos modelos de gestão houve uma
maior demanda do trabalhador como aumento de ritmo de trabalho e de
responsabilidades, polivalência, atividades antes não exercidas.
Consequentemente houve, também aumento de exigências físicas e mentais impostas
pelo desempenho em seu trabalho.
Essas mudanças geraram situações desgastantes
como pressão por parte do empregador, produtividade, qualidade, economia,
redução de tempo. Tantas mudanças causa sofrimento e obriga o trabalhador
a adaptar-se, ou seja, tornar-se
resiliente na medida do possível, já que cada indivíduo tem um limiar de
resistência.
Heller ressalta que o ser humano não
consegue desprender-se de sua “cotidianidade”. Entende-se que é impossível não
levar para todos os momentos da vida aquilo que se vive – o ser humano leva
consigo e para sua casa os bons e maus acontecimentos. Porém, diferentemente da
infância e da adolescência, na vida adulta o ser humano se defronta com um
outro tipo de adversidade: viver ou sobreviver à rotina da vida e do trabalho
diário que invade sua forma de ser. A vida cotidiana “é a vida do homem
inteiro; ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de
sua individualidade, de sua personalidade. Nela, colocam-se ‘em funcionamento’
todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas
habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias, ideologias”,
afirma Heller (2004, p.17, apud, Cimbalista 2006).
Nesse
contexto, a satisfação e o prazer por meio do trabalho não existem. O indivíduo
está sempre passível de ser, sob diversas formas, ameaçado no trabalho, seja
pela repercussão de seu desempenho, seja
pelo desemprego.
Deve-se levar em conta
melhor compreensão e controle por parte da Psicologia Organizacional as
relações de trabalho: organização – trabalhador
– organização do trabalho, formas de
gestão, supervisão, processos e sua influência na forma de trabalhar.
O psicólogo deve receber
treinamento em segurança e saúde ocupacional. A psicologia tem a
responsabilidade de exercer papel pró-ativo, propondo e desenvolvendo políticas
e programas eficazes para um ambiente de
trabalho saudável, estabelecendo mecanismos que que impeçam ou diminuam
repercussões negativas na vida do trabalhador.
Algumas empresas já utilizam
métodos para aliviar a carga tencional de seus funcionários durante o
expediente do trabalho como: ginástica laboral, móveis planejados
ergonômicamente para quem trabalha com computadores ou sentados o dia todo,
lugar para descanso após o almoço. Uma conquista, por lei, empresas com mais de cem
empregados são obrigadas a oferecer creche para suas funcionárias que tem
filhos pequenos que ainda não alcançaram
idade escolar. Outras já oferecem cursos de qualificação e outras, já possuem
“banco de talentos” – um observador dentro da empresa procura por pessoas
capacitadas desempenhado papéis abaixo de suas qualificações, para então
recolocar, dentro da instituição, esse funcionário, onde desempenhará outra função que trará melhorias para empresa
e valorização para o empregado, aumentando assim sua auto-estima, trazendo
ganhos para ambos.
Amenizando as formas de
psicopatologização do traballho as empresas estarão empreendendo o modelo de
prevenção, saindo do modelo biomédico, diminuindo custos, tanto econômicos
quanto operacionais para o empregador, e consequentemente oferecendo maior
qualidade nas condições de trabalho para o funcionário.
Pensando dessa forma,
voltamos ao princípio de que o trabalho não é só um operador de psicopatologia
mas também um operador de saúde e prazer.
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