terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CONSCIÊNCIA E ALIENÇÃO


Consciência/Alienação
: a ideologia no nível individual - RESENHA CRÍTICA


Consciência/Alienação
: a ideologia no nível individual 

A autora nos diz que o homem está inserido em uma rede de relações sociais e que um comportamento  não existe isoladamente. O indivíduo é um ser atuante, produto e produtor, como sujeito da história, que é modificada conforme sua atuação enquanto ser inteligente e autônomo.

            O indivíduo se insere (no grupo) através da linguagem que traz representações, significados e valores existentes em um grupo social, é, também, meio de expressão da idelogia do mesmo. A linguagem, ainda nesse sentido, é condição necessária para o desenvolvimento do pensamento do sujeito.

            Lane ressalta que “nem todas as representações implicam necessariamente reprodução ideológica; esta se manifesta através de representações que o indivíduo elabora sobre o Homem, a Sociedade, a Realidade...”. (Lane, 1987, p.41). As representações também são elaboradas sobre aspectos da sua vida que, implícita ou explicitamente,  são atribuídos valores de certo ou errado, bom ou mal.
            No plano superestrutural a ideologia é articulada pelas instituições, no plano individual pela história de vida e inserção de cada um.

            O indivíduo torna-se consciente ao detectar contradições entre as representações e suas atividades.

            Segundo Lane “quando falamos em consciência de si como sendo necessariamente consciência social, a alienação definida pela psicologia em termos de doença mental, neuroses etc., se aproxima da concepção sociológica de alienação.” (Lane, 1987, p.41).

               À alienação é dada característica de “naturalidade” aos fatos sociais.  Lane diz:


 “A alienação se caracteriza, ontologicamente, pela atribuição de "naturalidade" aos fatos sociais; esta inversão do humano, do social, do histórico, como manifestação da natureza, faz com que todo conhecimento seja avaliado em termos de verdadeiro ou falso e de universal; neste processo a "consciência" é reificada, negando-se como processo, ou seja, mantendo a alienação em relação ao que ele é como pessoa e, consequentemente, ao que ele é socialmente.” (Lane,1897, p.42)


            Consciência social e consciência de classe

           Consciência social: ao pertencer a um grupo o indivíduo, através de suas ações, desperta uma consciência de classe desencadeando um processo de conscientização de si e social. Categoria psicológica.

            Consciência de classe: indivíduos conscientes de si pertencentes a um grupo, sujeitos das mesmas determinações históricas (processo essencialmente grupal). Categoria sociológica

            No plano da ação as duas são intersociáveis, tanto individual como grupal.

            A questão da alienação só pode ser analisada no plano individual, pois, envolve pensamento e ação, que são mediados pela linguagem.

            O homem transforma o ambiente através de suas ações, para isso a ação precisa  ser planejada através do pensamento que se dá através dos significados transmitidos pela linguagem.

            Enquanto o indivíduo planeja a ação, ao mesmo tempo ele pensa nas consequências o que o leva a pensar na não-ação. Essa mediação é feita pela linguagem, um produto subjetivo que poderá estar reproduzindo conteúdos próprios do indivíduo e que, por sua vez, é um produto do grupo social ao qual o indivíduo pertence, reproduzindo assim, a ideologia do seu grupo social.

            Se a ação for apenas reproduzida como “verdadeira”, sem antes ter sido pensada, reproduzindo a ideologia do grupo, o indivíduo permanece alienado.


        O ser humano está inserido em uma rede de relações sociais e é compreendido em sua complexidade pelo seu comportamento, sua atuação, enquanto indivíduo autônomo e inteligente que modifica sua história através da linguagem utilizando-se dos seus modos de subjetivação. 
       O indivíduo é considerado consciente quando atinge certo grau de autonomia e é capaz de refletir sobre os conflitos existentes em suas relações sociais e analisar a ideologia presente em seu meio social e o quanto ela o  influencia de forma individual.

       Importante ressaltar que um comportamento não existe isoladamente, e que para toda ação há uma reação. Que o sujeito é personagem ativo e passivo da história. E que a linguagem tem papel fundamental neste processo não só para efeitos de comunicação, mas também para manutenção da cultura, desenvolvimento do pensamento e da consciência, identificação do grupo.

             Um indivíduo só se insere num certo grupo se ambos estão unidos pelos mesmos fins.

          A inserção do indivíduo no grupo não é garantia de conscientização nem de engajamento.  As relações que se estabelecem podem ser de reprodução da ideologia do grupo e de alienação.

A alienação ocorre quando é vista com características de “naturalidade”, não havendo processos de indagação, procura ou busca pelo sentido  dos fatos na visão de cada indivíduo, aceitando-se os fatos sociais como fenômenos naturais, num constante processo de repetição sem reflexão, negando-se os modos de subjetivação. Uma representação não é necessariamente a reprodução de uma ideologia.

            Se o indivíduo não pensa sua relação com o mundo não assume uma postura criativa frente à realidade social. Não atribuindo um sentido para sua vida, ele não sai da posição de alienado.

            Nesse sentido, é através da subjetivação que o sujeito vai construir um caminho até os direitos universais e específicos, resistindo a forças opressoras que impedem a sua auto-construção, como sistemas e instituições que “moldam” os indivíduos, ou ainda,  a lógica do mercado.

            Uma representação não é necessariamente a reprodução de uma ideologia.  Podendo ser apenas representações elaboradas pelo indivíduo sobre aspectos da sua vida.

             A forma de inserção do indivíduo no grupo é determinante na relação.

           Como na matemática:


          João está contido no grupo “X”.    sendo  →      João  { X }  

       

         O indivíduo age de acordo com o grupo, sem refletir, ele está reproduzindo a ideologia do grupo,  ou suas prórpias representações,  permanecendo na posição de alienado, está contido.

Mas se o indivíduo questiona, pensa, e não reproduz como se fosse uma fórmula algébrica então sua posição é inversamente proporcional ao grupo. E agora sim ele está lançando mão de suas representações, da sua individualidade e subjetivação para fazer história. João pertence ao grupo “X” mas anda na direção que sua vontade determina, pode até ser a mesma do grupo, desde que seja determinada por seu desejo e posição ideológica.

A equação então ficará assim:

João↓   { X }   ↔   X= { ↑↑↓↓↓↓↓}  onde ↑↓ são elementos do grupo, no caso, pessoas com quem João está interagindo.

João pertence a “X” se e somente se (↔) o grupo ou conjunto for composto por pessoas flexíveis e abertas a discussão.

          

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