domingo, 9 de dezembro de 2012

INTERAÇÕES FETO-MATERNAIS


As relações orgânicas entre feto e mãe são extremamente íntimas. O feto está ligado em derivação com a circulação sanguínea materna, existindo interações por intermediários químicos e neurossimpáticos.
Pelo viés destas trocas fisiológicas. A  vida emocional da mãe parece ter efeito sobre o bebê, como se pensa bastante comumente e como se tentou demonstrar em um certo número de trabalhos. Durante um estudo longitudinal, prolongado efetuado por Suntag em mulheres grávidas, publicado em 1965, 8 mães sofreram um choque emocional grave pelo fim de sua gestação (como a morte do marido, por exemplo). Em todos os casos a atitude motora do feto mostrou um aumento extremo de intensidade reativa ao traumatismo súbito vivido pela mãe. Tudo isto está evidentemente ligado à sua própria vida afetiva, às suas suas relações com suas imagens parentais. O feto de 4 meses, não é mais somente um ser que começa a se mexer, percebido vagamente dentro de si, mas um bebê bem presente, do qual se pode acompanhar a vida e as reações.
Graças a ecografia é possível conhecer o mundo intra-uterino.
Certamente, as interações entre a atividade do bebê no útero e a de sua mãe são reais, as mulheres grávidas bem o notam, mas devem-se acentuar que o bebê, no útero, difere de sua mãe por sua própria dinâmica maturativa e por já determinado grau de autonomia!

MAZET, Phillipe; STOLERU, Serge. Manual de psicopatologia do recém-nascido. Porto Algre. Artes Médicas, 1990.

Através de estudos psicanalíticos realizados, observou-se que, sob intensa angústia, os pacientes abandonavam, muitas vezes, a realidade externa eliciadora de um sofrimento intolerável, para buscar refúgio numa realidade muito mais primitiva, regredida, relacionada à vida intra-uterina.
Com o advento da ultra-sonografia e, mais tarde, da ecografia, pôde-se observar o universo fetal e a sua história de desenvolvimento físico-emocional.
Assim, constatou-se que não apenas o trauma do nascimento marca inconscientemente o indivíduo para sempre, como também o modo como o feto percebe suas experiências pré-natais, vão se constituir no modelo das vivências emocionais no decorrer de sua vida aérea e, mais imediatamente, na primeira infância.
Podemos então dizer que, certamente, a vida psíquica não se inicia com o nascimento, porém é uma continuidade da vida intra-uterina.
Desta feita, a visão que se tinha de que o útero era um lugar silencioso, um verdadeiro paraíso, onde os ruídos externos não chegavam até ele e que o feto era um ser passivo, completamente dependente, foi derrubada ante o desenvolvimento tecnológico e psicanalítico.
Hoje, o que se sabe é que é um ser humano em formação e que reage a estímulos, chupa o dedo, dorme e acorda, tem movimentos respiratórios, movimenta-se à procura de posições que lhe sejam mais confortáveis, boceja e soluça, sorri e chora...
Sabe-se, inclusive, que as atividades executadas por ele não são sem sentido, cumprem objetivos: não só deglute o líqüido amniótico para se alimentar como regula o volume de ingestão; os movimentos realizados desenvolvem as articulações e ossos e as experiências sensoriais são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro.
Por sua vez, a visão de útero também se modificou, pois o feto escuta a voz materna e paterna, os sons internos e viscerais da mãe, como a digestão sendo realizada, os batimentos cardíacos, a circulação sangüínea, o ressoar do sono materno, a sonoridade do mundo externo que lhe chega abafada, porém audível.
Muito mais que tudo isto, foi a compreensão adquirida que o feto sofre com a influência das emoções maternas e que o levam a participar na manutenção e determinação do final da gravidez, seja prematuramente, através do aborto ou gravidez a termo.
Diante disto, se o nível de angústia e ansiedade da gestante tiver intensidade muito elevada ou mesmo se sofrer traumas emocionais ou stress, crônico ou agudo, há de desencadear grande sofrimento fetal, marcando-o profundamente, podendo mesmo acarretar problemas orgânicos e psíquicos, com decréscimo de seu desenvolvimento físico.
Apesar de não haver conexão direta entre o sistema nervoso materno e fetal, emoções como ira, medo e ansiedade fazem com que o sistema nervoso autônomo materno libere certas substâncias químicas na corrente sangüínea, alterando a composição do sangue materno e que, transpondo a barreira placentária modificarão a bioquímica do ambiente intra-uterino onde está se desenvolvendo o feto.
Esta transformação provoca-lhe um estado de alarme que se manifesta por aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos e aumento ou diminuição da atividade motora, podendo chegar à imobilidade.
Ruídos estranhos ao feto também podem provocar angústias, na medida em que desencadeiam o comportamento de alerta.
Na busca do alívio das tensões, desenvolvem-se mecanismos psíquicos de defesa e que são expressos através de movimentações hiperativas do corpo. São reações parecidas com as do recém-nascido em sofrimento que se contorce, grita, chora, esperneia, para livrar-se do que lhe causa desespero. Ou, ao contrário, se a situação estressante torna-se crônica, o feto "substitui" o mecanismo de defesa que não percebe mais como aliviador de tensão, e ocorre a diminuição das atividades motoras ou hipoatividade, que sugere a possibilidade de depressão e de decréscimo de energia vital.
Enquanto durar o distúrbio emocional da gestante, a atividade fetal continuará a um nível elevado. Se forem distúrbios breves, geralmente o aumento da irritabilidade fetal durará algumas horas.
Gestantes infelizes e deprimidas têm maior probabilidade de ter partos prematuros ou de ter bebês com pesos mais baixos ao nascer, podendo ser hiperativos, irritáveis, manifestar dificuldades na alimentação, apresentar distúrbios do sono, choro excessivo e necessidades incomuns de ficar no colo

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