quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA


  O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA


Desde os primórdios até a contemporaneidade, culturalmente, os homens, praticaram, quatro tipos de saúde, cada qual na sua época. (LIMA,2008).
Segundo o mesmo autor a primeira fase ficou conhecida como a fase da magia ou demonologia, os fatores determinantes da doença eram atribuídos a deuses e demônios. Se o doente fosse cristão, era considerado uma forma de expiação dos pecados, se fosse de outra orientação religiosa, então, era considerado possessão demoníaca.
A segunda, fase dos "miasmas", era determinada eram por fatores físicos-químicos, acreditava-se que emanações do solo, gases supostamente nocivos, como chorume do lixo produziam doenças em corpos sadios. (LIMA, 2008).
A terceira fase, a da biologia ou microbiologia,  com a descoberta do miscroscópio e das bactérias, determinava que os germes eram produtores de todas as patologias. (SOUZA et al, 1997, apud, LIMA, 2008)
No século XIX com avanço da microbiologia, definiram-se as causas para as doenças, desde então, o aspecto biológico tem recebido destaque. Sob a influência do positivismo,  um “corpo saudável” representava e ainda pode representar ausência de qualquer afecção. (SILVA, 2006).
Essas três primeiras, segundo Lima (2008) fases têm um ponto em comum, a abordagem unicausal, que relaciona o agravo à saúde a um único agente etiológico. Uma visão simplificada, onde o homem não é visto como ser complexo, dotado de necessidades, desejos e vontades.[...]       
[...] a quarta fase muda a abordagem da doença, relacionando-a a uma
causalidade múltipla e incorporando os aspetos sociais ou psicossociais no
processo de adoecer. (LIMA, 2008)
Segundo Forattini (1996), "a saúde e a doença estão interligadas num processo dinâmico que, quando desequilibrado, leva o individuo a um estado não favorável de satisfação orgânica, que então chamaremos de doença." (FORATTINI, 1996, apud, LIMA, 2008).

No fim do século XX e início do XXI surgiram novos conceitos nesse processo como  cuidado, acolhimento, humanização, entre outros. Nesse sentido o processo saúde-doença recebe atenção especial, pois, torna-se um processo de relações sociais entre pessoas num determinado espaço geográfico e num determinado espaço de tempo (Tancredi; Barrios;Ferreira, 1998, p.29, apud, Silva, 2006).

“Doença é algo que nos revela um desequilíbrio interior

 e que nos chama a uma mudança de vida para que

alcancemos um novo equilíbrio superior”

(VINCINI,2002).

Saúde e doença: conceitos

A Organização Mundial de Saúde – OMS define saúde como:  não só como ausência de doença mas, também, como situação de perfeito bem-estar físico, mental e social.
Considera-se esse conceito ultrapassado pois, visa uma perfeição inatingível.
                Segundo Jorge L. L. da Silva "o modo de ver saúde e doença é peculiar de cada indivíduo" . Saúde e doença em sentido absoluto não existe. A prova disso é que não se consegue definir uma sem falar na outra. (SILVA, 2006).
Constata-se, no meio científico e acadêmico, a discussão voltada para um paradigma ampliado de saúde, atrelado à qualidade de vida e bem-estar. [...] três aspectos fundamentais referentes ao construto qualidade de vida foram obtidos, levando em consideração diferentes culturas, com isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou 3 dimensões influentes: 1) subjetividade; 2) multidimensionalidade, 3) presença de dimensões positivas (p.ex. mobilidade) e negativas (p.ex. dor). Esses aspectos se desdobram em seis domínios que englobam, desde o domínio físico, até o espiritual.(SILVA, 2006)
Nesse processo saúde-doença devemos também destacar a enfermidade  [...] existem pessoas com patologias crônicas que se consideram sadios. Outros “aparentando saúde”, vivenciam um problema de ordem pessoal, tendo tamanha relevância que arruína o seu bem-estar. É a questão da subjetividade.[...] O  paradigma ampliado inclui o bem-estar e a visão de totalidade do ser humano.  (SILVA, 2006)

"Enquanto a doença é uma condição de uma determinada parte do corpo, afetada por um evento que o prejudica, a enfermidade está relacionada à totalidade do ser humano. Uma pessoa pode estar enferma mesmo sem apresentar qualquer doença." (VINCINI, 2002)
       
        Nesse sentido, bem-estar é uma representação do indivíduo, assim como doença também. Vai depender da forma de encarar as adversidades da vida e da cultura de cada um.
        A doença se manifesta pelo sujeito que pensa e sente, conforme Vincini (2002):


                                    "Doença é o que representamos que ela seja. Assim, se para nós doença é uma possessão diabólica, então ela é isso. Se achamos que é uma invasão de microorganismos patógenos em nosso corpo, então doença é isso. Se pensamos que é algo que nos afeta negativamente, pois nos faz sofrer, e é fruto de uma punição por alguma ação imprópria que possamos ter cometido (comer desregradamente, por exemplo), então doença é isso. Mas, se julgarmos que doença é algo que nos revela um desequilíbrio interior e que nos chama a uma mudança de vida para que alcancemos um novo equilíbrio superior, então doença será isso. (Vincini, 2002)"        



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